Imperdível: coleção de fotos do MNBA

O Museu Nacional de Belas Artes de Buenos Aires inaugura dia 12 deste mês a exposição “Colección fotográfica del MNBA y colección Rabobank”, em homenagem à Sara Facio, criadora da coleção de fotografias do espaço.

O acervo teve inicio em 1995 e tem hoje mais de 800 imagens de obras de autores argentinos e estrangeiros desde o século XIX até o presente momento. Nesta homenagem podem ser vista 50 delas.

Ao valioso acervo do MNBA se incorpora, nesta ocasião, a Coleção Rabobank de Fotografia Argentina, instituição bancária que, ao completar 20 anos, doa ao museu  todo o seu acervo de fotos.

Avenida de Maio 1950. Werner Schumacher

Este material, curado por Marjan Groothuis e Facundo de Zuviría, reúne trabalho de mestres consagrados e jovens artistas.

Foi criado há cerca de três anos e totaliza 200 obras de 57 autores, entre eles Horacio Coppola, Juan Di Sandro, Sara Facio, Alberto Goldenstein, Alejandro Kuropatwa, Adriana Lestido, Marcos López, Sameer Makarius, Hans Mann, Grete Stern, Sebastián Szyd, Juan Travnik, Martín Weber, Dani Yako e Marcos Zimmermann, entre outros.

Dá para espiar todas as fotos AQUI. Depois é só sair voando para lá!

A mostra vai de 12 de setembro a 10 de outubro, de 12h às 20h30. Sábado e domingo o museu abre mais cedo, às 9h30. Entrada livre. Avenida del Libertador 1473.

Dicas para o fim de semana em Baires

Uma das fotos da clássica série de distorções

Duas mostras de fotografia de peso!

A Fundación Osde apresenta – até o dia 29 de setembro – a exposição André Kertész – Uma Vida em Dobro. Organizada pelo Jeu de Paume em Paris,  a mostra traz uma retrospectiva com 189 fotografias da carreira de André Kertész: Hungria (1894-1925), França (1925-1936), Distorções (1933), Estados Unidos (1936-1962), período internacional (1963-1985) e fotografias coloridas.

Mestre para muitos fotógrafos como Henri Cartier-Bresson, André Kertész é uma das principais figuras da história desta arte. Nasceu em Budapeste em 1894. Sua primeira imagem conhecida é de 1912. Jeune homme endormi [Jovem homem adormecido] anuncia de modo premonitório o que se tornará essencial na sua arte: clareza no estilo e primazia da emoção.

Espacio de Arte de Fundación OSDE | Suipacha 658, 1 Piso | CABA | 4328-3287/6558/3228. 

Quem não queria ter feito esta foto?

Outro grandes monstro da fotografia, a argentina Sara Facio, fundadora da editora Azotea e do espaço de fotografia do teatro San Martin, está com uma grande retrospectiva no Centro Cultural Recoleta. Ela é autora dos retratos mais definitivos de Julio Cortázar, Pablo Neruda, Manuel Mujica Lainez e Jorge Luis Borges, entre outros.

Sao 200 fotos, muitas delas inéditas. Estão suas séries mais conhecidas e duas estréias: “Por amor al arte”, que poe foco no público de diferentes museus do mundo (um interesse que também seduziu a Robert Doisneau) e “Escenarios”, que inclui fotos de Tita Merello.

Há imagens históricas da série Perón vuelve (1972/1974) que  a fotógrafa tomou quando trabalhava para as agencias de notícias Sipa Press e Gamma. E da série Los funerales del presidente Perón.

Centro Cultural Recoleta – Junín 1930. Martes a viernes de 14 a 21 hs. Sábados, domingos y feriados de 12 a 21 hs.  Lunes cerrado | Tel.: 4803 1040

Agosto, mês da fotografia em Buenos Aires

“Waiting” , da fotógrafa Jana Romanova

Se tem um mês bacana para visitar Buenos Aires, é agosto. Reúne dois dos melhores festivais da cidade, o de tango e o de fotografia.

O XVII Festival de la Luz  – cujo tema deste ano é a Paixão – começa amanhã e irá apresentar 130 mostras, de 500 autores oriundos 17 países.  Do Brasil participam Ana Mendes, Christian Cravo, Fifi Tong , Tadeu Vilani e Tiago Coelho.

Uma das exposições mais esperadas é a El doble de una vida, do fotógrafo húngaro André Kertész (1894-1985), que inaugura dia 9 de agosto, às 19h, no Espacio de Arte Fundación OSDE (Suipacha 658 1º piso – de segunda à sábados, das 12h às 20 h). Vou fazer um post específico sobre ele amanhã.

Alejandro Kirchuk, no Palais de Glace

Pessoalmente, tenho interesse em ver “La noche que me quieras”, de Alejandro Kirchuk, ensaio ganhador do World Press Photo este ano. Relata a vida dos avós, Marcos e Mónica, de 89 e 87 anos, respectivamente, sendo separados  aos poucos pelo Alzeimer.

O Festival também faz uma homenagem a Sara Facio em seus 80 anos com uma retrospectiva na Sala Cronópios, do Centro Cultural Recoleta. Imperdível!

Outro programa que não pode ficar fora do calendário é a feira do Livro de Fotos de Autor, no Espaço Eclético, em San Telmo. Essa é uma das mostras mais bacanas e surpreendentes do ano. Sempre.

Há, ainda, conferencias e revisão de portfólios.

Neste segmento, destaque para a palestra do dia 9, às 19h30: Anne Tucker (Estados Unidos) “Fotografía de Guerra”

A página do festival é muito ruim, aconselho acompanhar a programação pelo Facebook, AQUI ou na revista BUE. 

Vou averiguar tudo direitinho e postando, aos poucos, dicas sobre as exposições mais bacanas.

Por enquanto, deixo algumas fotos e a lista de conferências desta semana.

CHRISTIAN LUTZ / Protokoll, no Centro Cultural Recoleta a partir do dia 3

Foto da brasileira Fifi Tong, que retrata pessoas de mais de 100 anos. No Centro Cultural Recoleta a partir do dia 3

Julio Pantoja apresenta seu último trabalho, “Mujer, maíz y resistencia”

“Dona Ana”, do brasilero Tiago Coelho

Deixo a lista de conferências DA PRIMEIRA SEMANA DO FESTIVAL

Monasterio Santa Catalina de Siena
San Martín 705

Miercoles 1 de agosto / 17 hs. Erika Diettes (Colombia) charla sobre la muestra “Sudarios”

Alianza Francesa, sede central
Córdoba 936/946

Lunes 6:

17 hs. Presentación del libro –premio Ediciones Larivière-Festival de la Luz 2012 a cargo del curador Juan Travnik y de las 3 artistas ganadoras Maijo D’Amico, Marcel Antelo y Lorena Guillén Vaschetti

18 hs: Catherine Balet (Francia) charla sobre su obra “Strangers in the Light”

Martes 7:

18 hs. Iatá Cannabrava “El Foro Latino-Americano de Fotografia de São Paulo”

19,30 hs: “Marcos Zimmermann, su trabajo”

Miercoles 8:

18 hs. Copyleft y viralidad“ Marcelo Brodsky y Tony Valdez. Coordina Adrián Rocha Novoa

20 hs: ““Estetica esteril. La trampa de la belleza hueca “Alberto Goldenstein, Res, Ananke Asseff.

Jueves 9:

18 hs Christian Lutz (Suiza) “ A expensas de la realidad, cómo ampliar un mensaje documental por el uso de la ficción”

19.30 hs: Evgeny Beresner y Irina Chmyreva (Rusia) “Fotografia Rusa contemporánea”

Viernes 10:

18 hs: “Malvinas 30 años”, mesa redonda con Juan Travnik, Eduardo Longoni, Adrian Rocha Novoa

19.30 hs. Anne Tucker (Estados Unidos) “Fotografía de Guerra”

 

Fotografia: chegou o NanoFestival!

Nanofestival. Este é um  festival de fotografia diferente. Todo mundo pode participar e ele é todo digital. A chamada deste ano é “Retrato de um País” e é inspirada em August Sander e seu trabalho, realizado nos anos de 1930, na Alemanha.

A idéia é retratar as pessoas que estao no nosso entorno, no trabalho, na universidade, no onibus. E, assim, montar um grande retrato da Argentina de hoje.

Prazos:

De 2 a 29 de  julho todos podem subir até 3 fotos que retratem o país, seguindo a ideia planteada por Sander.

Também se pode votar nas preferidas, no final da convocação, de 30 de julho a 12 de agosto. Não vale votar na própria foto. ÓBVIO!

Quem quiser se inspirar pode ver a coleção completísima de fotos de Sander.

Há alguns vídeos,  cortesia de Gustavo Sehmsdorf, neste link, ou nesta outra direcao, ou ainda uma comparação entre as obras de Sander e Diane Arbus.

O email oficial de Nano é: info@nanofotofest.com.ar

Ernesto Sabato: Al otro lado del túnel

Hoje, terça,  inaugura uma exposição de fotos belíssima no Centro Cultural San Martín (Sarmiento 1551). Se chama “Al otro lado del Túnel” e é uma selecao de fotos do escritor Ernesto Sabato, falecido em 2011, feitas pelo reconhecido fotógrafo Daniel Mordzinski. As imagens foram realizadas nos últimos 15 anos e mostram o escritor em sua intimidade, seja em Paris ou em Santos Lugares, em casa e em hotéis.

Fica até o dia 10 de julho, das 15h às 21h. A inauguração, às 19h, contará com a presença do fotógrafo.

Conhecido como o fotógrafos dos escritores, Daniel Mordzinski trabalha há muito tempo na confecção de um ambicioso “atlas humano” da literatura iberoamericana. Há um post especifico sobre ele AQUI. 

Tina Modotti, dica para o fim de semana em Buenos Aires

Mostra reúne fotos da fase Revolucionária….

…mas também da Romântica.

Buenos Aires tem, até o dia 7 de julho, a chance de ver a exposição Tina Modotti: Fotógrafa e Revolucionária, que reúne 100 fotos do período mexicano desta que foi uma das mais reconhecidas profissionais do século XX. As obras estao no Centro Cultural Borges, nas Galerias Pacífico.

Um pouco sobre ela, para quem não a conhece:

Tina Modotti nasceu em Udine/Itália em 1896. Aos 16 anos mudo-se para Califórnia para morar com seu pai e foi onde começou sua carreira como atriz e modelo fotográfico, sendo neste segundo ofício,  que  acabou por conhecer o fotógrafo Edward Weston, seu tutor na fotografia e posteriormente marido.

A grande “virada” na vida de Tina acontece quando se muda ao México em 1923, e conhece pessoas ligadas ao movimento comunista como Frida Kahlo, Diego Rivera e David Alfaro Siqueiros. Naquele momento, o movimento artístico e político faziam parte do mesmo contexto e desde então, é possível ver como  os ideais esquerdistas influenciaram no trabalho de Tina ao longo de sua carreira.

Em1927, afotógrafa se filia ao Partido Comunista e em 1929, organiza uma exposição que ficou conhecida como “ A primeira exposição fotográfica revolucionária do México”. Em 1930 é deportada para Alemanha acusada de conspirar contra o presidente mexicano e em seguida, se estabelece em Moscou.

Motivada por interesses políticos uma vez mais, se muda para a Espanha onde fica até 1939, mesmo ano em que regressa ao México oculta sob um pseudônimo. Morre em 1942 vítima de uma parada cardíaca.

Sua obra

O fotógrafo mexicanoManuel AlvarezBravo dividiu a carreira de Modotti em duas distintas categorias: “Romântica” e “Revolucionária”, sendo que o primeiro período incluía o tempo despendido como assistente de quarto escuro, gerente, e finalmente, como parceira criativa.

Seu vocabulário visual amadureceu durante este período, com seus experimentos com arquitetura de interiores, flores e paisagens urbanas, e especialmente com suas muitas imagens líricas de camponeses e trabalhadores. Na fase revolucionária alcança seu maior reconhecimento como fotógrafa. Foi neste período que suas fotografias começaram a ser publicadas nos veículos “Mexican Folkways”, “Forma”, “El Machete”, “Arbeiter-Illustrierte-Zeitung (AIZ)” e “New Masses”.


Morre Horacio Coppola, o homem que fotografou quase todo o século

“La fotografía no necesita mucha técnica –define Coppola–, Lo que importa es la cabeza y el ojo”

Horácio Coppola

Foto Clarin

Roubei o título do La Nación, que é quase igual ao do Clarín, porque é isso mesmo. Horacio Coppola, um dos grandes fotógrafos argentinos do século XX, morreu hoje em Buenos Aires, aos 105 anos.

Ninguém retratou a capital do país como ele. Todos os rincões da cidade (a Avenida de Maio, Corrientes, o cemitério da Recoleta, Paseo Colón…) passaram por sua objetiva Leica e foram difundidos pelo mundo. Mas muito mais que Buenos Aires, Coppola retratou o mundo. Viajou por quase todas as grandes cidades européias e também pelo Brasil.

Coppola começou na fotografia em 1927 por influência de seu irmão mais velho, que usava uma câmera de grande formato. Autodidata, tendo como referência nomes como Félix Nadar e Edward Weston, assistiu em 1929 às conferências de Le Corbusier em Amigos da arte, o primeiro salão modernista de Buenos Aires. A partir daí, ele incorporou permanentemente a noção modernista da perspectiva e dos pontos de fuga, enfatizando as linhas e os ângulos geométricos das fachadas, passeios e terraços do centro que se urbanizava. No mesmo ano, fundou, com Leon Klimovsky, o primeiro cineclube argentino.

Em 1930 as fotos de Coppola ilustram o ensaio Evaristo Carriego, deJorge LuisBorges, de quem era amigo. Em 1932, aos 25 anos, parte para uma temporada de seis meses em Berlim, onde consolida a intenção modernista de sua obra. Estuda e atua no departamento de fotografia da Bauhaus até seu fechamento pelo governo nazista, que o força a sair da Alemanha.

Em Paris, Christian Zervos, diretor de Cahiers d’Art, encomenda-lhe seu primeiro livro fotográfico, L’art de la Mésopotamie, sobre o acervo de arte suméria do Louvre e do British Museum. Passa a frequentar as oficinas de Marc Chagall e de Joan Miró, cujos retratos publica em Paris.

De volta à Argentina em 1936, publica suas fotos no livro Buenos Aires, 1936. Visión fotográfica. Nesse mesmo ano produz Así nació el obelisco, sobre a construção do monumento que simbolizava a cidade arcaica. Em 1937, abre um estúdio fotográfico voltado para a publicidade com sua mulher, a fotógrafa alemã Grete Stern. Monta também uma editora, La Llanura.

Em 1945, inspirado pelos textos de modernistas brasileiros como Mário de Andrade, parte para a documentação, financiada pelo SPHAN, da obra de Aleijadinho. Coppola começa a trabalhar com fotografias em cor em 1960, e nas décadas de 1970 e 1980 atua também como professor.

Texto reproduzido do site do Instituto Moreira Sales, que fez uma grande retrospectiva dele em 2007.

Deixo AQUI também uma linda matéria feita com Coppola por outra grande fotógrafo, Marcos Zimmerman,

“Ventanas” do mundo

OUVERTURE LA VIE EN CLOSE (Paulo Leminski)

em latim

“porta” se diz “janua”

e “janela” se diz “fenestra”

a palavra “fenestra”

não veio para o português

mas veio o diminutivo de “janua”,

“januela”, “portinha”,

que deu nossa “janela”

“fenestra” veio

mas não como esse ponto da casa

que olha o mundo lá fora,

de “fenestra”, veio “fresta”,

o que é coisa bem diversa

já em inglês

“janela” se diz “window”

porque por ela entra

o vento (“wind”) frio do norte

a menos que a fechemos

como quem abre

o grande dicionário etimológico

dos espaços interiores

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Para ler todo o La Vie en Close, de Paulo Leminski, clique AQUI. 

Exercícios com uma Lomo 360 graus

Chegaram as fotos que fiz no workshop da Lomo, no Rio de Janeiro. A máquina que escolhi fazia imagens em 360 graus. Era só puxar uma cordinha que ela girava. Uma volta inteira. Com um detalhe importante: não tinha visor. Tinha apontar, mirar e rezar para que saísse alguma coisa. O resultado era imprevisível e com um condicionante: a não ser que eu colocasse a câmara na cabeca, sairia em todas elas. Se bobeasse, duas vezes, uma em cada ponta. Então não é (só) o meu ego, o brinquedo é que é assim.

Outro ponto interessante: como para dar toda a volta a camara usava muitos negativos, o meu filme de 36 poses era suficiente para apenas para seis fotos. Foi muito bacana voltar a selecionar o que valia a pena ser fotografado. Quer dizer, num raio mínimo da praia, que foi o meu ponto de atuação.

Escolhi a praia em si, os salva-vidas, as bikes e as cangas.

Deixo o resultado com vocês. A cara de sofrimento é porque a cordinha era meio pesada para puxar e eu tinha medo de destabilizar a máquina, o que de fato ocorreu em algumas.

Quem quiser brincar com alguma Lomo, é só procurar a galera:

Lomography Gallery Store Rio de Janeiro
Rua Barata Ribeiro, 369 – loja B – Copacabana

Importante: o workshop é de graça e eu não to fazendo nenhuma propaganda paga. Gostei mesmo da parada, como dizem os cariocas.