Mendoza 5 – Pelas bodegas em bici

O mapa da mina !

Para mim esta foi a melhor parte da viagem. Alugamos bicicletas por 80 pesos (40 reais) na Baccus, uma empresa que fica em Chacras de Coria, em Luján de Cuyo.

A reserva é feita por telefone ou email (info@baccusbiking.com.ar) e o preço inclui o translado desde Mendoza até a localização da sede da empresa, onde estao as bicicletas, bem como assistência médica de urgência e mapa do trajeto escolhido.

Ah, eles também fazem as reservas das degustações.

A degustação na Neto Senetiner é com essa vista!

Nós optamos por três bodegas: uma conhecida, a Nieto Senetiner, uma mais familiar, a Cavas de Weinert (dirigida por um brasileiro) e ainda uma orgânica, a Pulmary. Mas nesta região também estão a Altavista, Carmelo Patti, Clos de Chacras, San Huberto, Vistalba, Arizu, Lagarde e ainda Carmine Granata.

A Nieto é show. Nessa sede são fabricados apenas os vinhos top de linha (o Cadus e o Don Nicanor). Só que a gente sai de lá não querendo nunca mais beber os vinhos de terceira (Nieto Senetiner) e de quarta linha (Benjamin).

Diferenças: Cadus (é mantido dois anos em barricas de carvalho frances, mais dois anos em garrafa antes de ser colocado no mercado. Custa 285 pesos). Don Nicanor (um ano em barrica e um ano em botella. Sale por 50 pesos. Arrematamos garrafas da safra 2008, mas com o compromisso de beber só daqui a dois anos!!)

O Nieto Senetiner fica seis meses em cada um dos processos e o Benjamin não passa por nenhum dos processos. É um vinho novo. Melhor beber a safra desse ano.

A partir daqui o Edu começou a fazer cara de entendido!!

A empresa mantém nessa área vinhedos de Malbec de mais de 100 anos e ainda nos brinda com uma vista para a montanha nevada. A degustação custa 25 pesos e se paga em separado. Como regalo, leva as taças para casa.

Quem quiser ficar para o almoço pode optar pelo assado (165 pesos), pelas pastas (100 pesos) ou apenas pela degustação de picadas e empanadas (88 pesos).

Ainda bem que não tem bafômetro entre uma bodega e outra!

Almoçamos na segunda bodega, a Weinert, inaugurada em 1975 . Produz 600 mil litros por ano, a maioria exportada para Brasil, Inglaterra e Estados Unidos. A qualidade da degustação não é grande coisa, mas o almoço é ótimo e o vinho também. Saímos com um Weinert Carrascal 2006, um blend de Malbec, Cabernet e Merlot envelhecido dois anos e meio em barril de carvalho, maravilhoso. Preço? 17 pesos!!!

Pulmary: a bodega é pequena, mas o coração é grande e o vinho excelente. Tim-tim!

Por fim visitamos a Pulmary, que produz apenas vinhos orgânicos. Estes, infelizmente, não chegam ao mercado brasileiro, somente ao europeu e americano. Essa visita foi a mais bacana. É uma bodega ultra familiar, que produz apenas 40 mil garrafas por ano, com um desafio: elevar o nível dos vinhos orgânicos, normalmente de baixa qualidade.

Direto da pipa e ainda tomando notas para o blog! Jornalismo verdade!

Fomos recebidos pela proprietária, a Diana Santolini, que entre uma degustação e outra nos deu uma aula de produção. Bem diferente das outras, como a Nieto, que recebem em escala industrial, nessa a gente se sentiu mais acolhido. Tomamos vinho direto da barrica!

Saímos nos abraçando e com a sensação de que na nossa conversa houve uma troca e não apenas um negócio. E não foi efeito do vinho. Foi do coração mesmo! Altamente indicada.

Mendoza 4 – Pelas bodegas numa van

Foto de Eduardo Baro

A região de Mendoza possui cerca de 1200 bodegas, sendo que 136 estão abertas ao público. São quatro regiões produtoras: Luján de Cuyo e Maipú, cerca de 20 km de Mendoza, e Vale de Uco e San Rafael, no sul, distantes 80 km e 100 km, respectivamente.

Uma boa dica para se organizar é dar uma espiada na edição argentina da Wine Republic, distribuída gratuitamente nos hotéis. A publicação traz a descrição das vinícolas por região, o que cada uma oferece e os vinhos mais pontuados.

Os tours mais comuns são feitos em vans e custam 60 pesos (e visitam normalmente duas bodegas não muito conhecidas do público leigo).

Outra possibilidade é o Busvitivinola, que oferece um passeio por R$ 260 pesos (incluindo almoço), passando pelas seguintes bodegas:

Tour 1 :  Bodegas Atamisque – Andeluna – Salentein

Tour 2:  Finca La Celia – O Fournier.

Por fim, o Trout and Wine, excelente, mas que custa 150 dólares por pessoa, incluindo almoço.

Parece que não vai faltar vinho!!!

Fizemos um passeio de van e outro em bici. No primeiro caso, visitamos as bodegas Vistandes, nova e moderna, e a Carmine Granata, mais familiar, mas super premiada.

Também fomos conhecer uma fábrica de azeite de oliva, a Laur, fundada em 1900.

Gostei da degustação na Vistandes, uma bodega pequena, com produção de apenas 900 mil litros por ano, principalmente porque foi bem didática. Já a Carmine Granata é uma bodega familiar, mas achei a visita menos produtiva. O Edu gostou mais dessa…

Dica importante desse dia: Se você não entende nada de vinho, mas precisa comprar correndo um bom rótulo, passe a mão pelo fundo da garrafa. Se o fundo for plano, isso significa que o vinho é de mesa, de menor qualidade. Vinhos mais sofisticados exigem um fundo convexo.

Achei muito proveitosa a visita a essa fazenda de oliveiras. Aprendi muito. Achava, por exemplo, que havia uma espécie de oliva verde e outra negra. E na verdade não é assim. A verde é a azeitona verde, claro, e a negra é quando ela já está madura. Nesse caso não serve para fazer o azeite. Santa ignorância, Batman!

Uma dica ótima: para saber se o azeite é bom, basta colocá-lo na geladeira. Se endurecer é de boa qualidade. Quanto menos acido oléico, melhor o produto. O azeite tem que ter menos de 0,8% desse ácido para ser considerado extra virgem e entre 0,8 e 2 para ser virgem. Acima disso, melhor não comprar.

Mendoza 3 – Altas Montanhas

Gorro direto do Puente del Inca Fashion Week

Um dos pontos altos do passeio a Mendoza foi o caminho das montanhas, rumo à fronteira com o Chile. São cerca de 200 km estonteantes até Las Cuevas, último ponto antes do Paso Internacional Cristo Redentor, que leva ao país vizinho, e um pouco depois de Plaza de Mulas (4.300m), de onde saem as expedições para o Aconcágua (6.980m).

A caminho de Uspallata (Fotos Gisele Teixeira)

Sem carro, optamos pela excursão oferecida pelo hostel, numa van. O passeio custa 130 pesos por pessoa e dura o dia todo, começando às sete horas. Foi muito bom. Quem quiser um passeio mais personalizado pode sair com um grupo menor, numa 4×4, mas aí o preço é mais salgado. Em torno de 500 pesos por pessoa.

No caminho a gente passa por Potrerillos, um dos principais centros de esportes de aventura da província, especialmente de rafting, que é feito no rio Mendoza a partir de setembro, quando começa o degelo da Cordilheira dos Andes. O rafting chega a ter trechos de nível 5 em termos de dificuldade (o máximo é 6).

Paradinha no Aconcágua Snack Bar

Em seguida a gente vê o pico do Cerro Tupungato (6635metros) com sua neve eterna. E segue para o Valle de Uspallata, entre a cordilheira e a pré-cordilheira. Foi nesse vale que se concentrou o exército do general San Martín antes do famoso Cruze dos Andes e por isso se realizam por lá cavalgadas que transitam pelas Rotas Sanmartinianas. Foi em Uspallata também que Brad Bitt gravou cenas de Sete Años no Tibet.

Puente del Inca

Depois a gente passa por Punta de Vacas (2395m), onde os rios Tupungato e Las Cuevas se unem para formar o rio Mendoza. Segue para o centro de esqui Los Penitentes e, mais adiante, Puente del Inca, um local de onde jorram águas curativas de 34 e 38 graus. Foi descoberto pelos Incas e possui uma cor mostarda pela alta concentração de enxofre.

Pertinho dali fica o Cemitério dos Andinistas, onde são enterrados os montanhistas mortos no Aconcágua, a montanha mais alta deste planeta fora da Ásia Central.

Ao final chegamos a Las Cuevas, onde vivem hoje apenas sete pessoas. Somos recebidos com licor e chocolates e muito afeto. Aí é só brincar de bola de neve e voltar a ser criança.

Criança feliz aprontando nos trilhos do antigo Transandino

Mendoza 2 – A cidade

Mendoza 2 – A cidade

Parque Independência (Foto: Gisele Teixeira)

Se não fosse pela mão do homem, a cidade de Mendoza seria um grande deserto. Como chove apenas 200 mm por ano na região, toda a água consumida pelos mendocinos vem do degelo da Cordilheira dos Andes durante os meses de verão.

Essa água é armazenada e depois distribuída em conta gotas no resto do ano. Em paralelo às calçadas, por exemplo, eles fizeram umas valas, chamadas “acéquias”, por onde corre a água que rega as árvores de Mendoza (basicamente plátanos) e depois segue para os vinhedos. O sistema vem do tempo dos Incas.

Cerro de la Glória (Foto: Eduardo Baro)

A cidade foi fundada em 1561 e foi onde o general San Martin preparou o famoso “Cruce de los Andes”, entre 1814 e 1817.

Mas pouco sobra dessas fases, já que Mendoza sofreu um terrível terremoto em 20 de marco de 1861.

Nessa época do ano, tem sempre um cheirinho de lenha no ar. É que até hoje eles usam madeira para fazer os assados e para calefação. E entre meio dia e cinco da tarde o comércio fecha as portas, sabiamente, para a siesta.

Um dia é suficiente para conhecer o básico da cidade, pois os principais atrativos, como os vinhedos, as bodegas e os locais para se desfrutar do turismo de aventura estão nos arredores.

Como ponto alto destaco o Parque Independência, gigantesco, desenhado pelo paisagista Carlos Thays (o mesmo do parque de Palermo), em 1896. Tem mais de 350 hectares, com caminhos idílicos e cerca de 300 espécies de plantas e árvores. Para entrar, a gente passa por um portão enorme (para mim, meio brega), feito inicialmente para o sultao turco Hamid II. Ninguém me explicou como ele foi parar em Mendoza…

À medida que se vai caminhando, também se vai subindo. Até chegar ao Cerro de la Glória, a 960 metros acima do nível do mar, onde há uma bela vista da cidade e onde foi erguido um  monumento ao General San Martín, libertador da Argentina, Chile e Peru.

Quem não quiser subir o cerro a pé, pode tomar uma das vans que se encontram na base (8 pesos). A gente fez isso porque estava frio e chuviscando.

Vale a pena também dar uma chegada no Mercado Público, para ver “um pouco de um tudo” e ainda ao Museu de Arte Moderna, pequeno, mas interessante.

Mendoza 1 – Hospedagem e Gastronomia

Onde ficar – É bem difícil ficar em hostel depois de se hospedar uma vez no Sheraton, mas como planejamos viajar por um mês pela França este ano, estamos numa fase low budget.

Despedida

Ficamos hospedados no Damajuana Hostel, que possui quartos para casal.

É o selecionado pelo New York Times para quem quer viajar mais barato mantendo a dignidade. “Like a five-star resort at rock-bottom prices”.

O melhor desse hostel é a localização, na Aristides Villanueva, a rua dos restaurantes e da balada. O hostel é bacana, tem uma boa área comum, com wi-fi, um jardim no fundo e ainda uma piscina, para o verão. Ponto negativo: as camas podiam ser melhores…e o café da manha é péssimo.

Na parte da frente funciona do hostel funciona o PH Resto Bar, que é o quente do momento na cidade e tem uma estratosférica carta de tragos. Traduzindo: como o bar está na moda, para quem tem sono leve o hostel pode ser bem barulhento. Para quer agito, é perfeito. Muito turista europeu, nenhum brasileiro.

Para os que podem gastar mais, o Hotel Argentino me pareceu ter boa relação custo beneficio. E o ideal, claro, é o Hotel Hyatt.

Gastronomia – Pulamos o super badalado Azafrán porque os preços estão bem salgados. Tenho meu índice empanadas e bife de chorizo. Quando os preços disparam acima do normal, recuo. Três empanadas, 34 pesos. Demasiado.

Todo o dia tem um vinho com preço especial. Checar a “pizarra” do fundo.

Por outro lado, amei o El Palenque, que é do mesmo dono do Azafrán e fica em frente ao hostel. É um lugar simples mas todo charmoso, tipo uma pulperia, com empanadas divinas, pizzas e saladas que dão pena de comer. A carta de vinhos é boa e o atendimento bem atencioso.

Gostei ainda da parrilla La Lucia, também na Aristides, onde comi a melhor carne argentina até hoje e uma excelente salada grega. Vale provar.

Delícia! (Foto: Estudio Sustantivo)

Me acabei mesmo no Bianco & Nero, uma loja de sorvetes, cafés e chocolates que é um escândalo. Tem duas filiais. Uma na Aristides e uma na Peatonal. Espiem o site e entenderão porque estou de dieta a partir de hoje.

Malbec 1, Futebol 0

Foto oficial da empreitada etílica!

Chegamos de Mendoza agora há pouco, totalmente por fora da Copa do Mundo, mas batendo um bolão em vinhos. Foram seis dias de passeios, com visitas a cinco vinícolas, cada uma com um perfil bem diferente da outra, e duas saídas mais ecológicas –  Altas Montanhas e Cañon del Rio Atuel.

Desafio: colocar o nariz bem dentro do copo e manter a elegância!

Numa patetice conjunta (e pela segunda vez no ano), esquecemos as carteiras de motorista em Buenos Aires e tivemos que mudar totalmente os planos, já que gorou o aluguel do carro.

Optamos, como Plano B, por percorrer os vinhedos em bicicleta, apesar do frio. E foi lindo.

Sol e plátanos no outono…

Um pouco do que vimos está na coluna Cartas de Buenos de hoje, no Noblat. O texto completo está AQUI.

A partir de amanha vou fazer uma série de matérias, com dicas para quem pretende fazer esse passeio.

Aceito dicas de Mendoza

Parece que no outono os vinhedos ficam assim...

Vamos passar uma semana em Mendoza, no início de junho.

Se alguém puder passar algumas dicas, agradeço muito.

Vale tudo. Onde ficar, restaurantes, e as bodegas mais charmosas.

Minha ideia é visitar umas duas bodegas apenas, para fazer também uns passeios mais ecológicos.

Os dois juntos não dá, né?

Vino y bici? Está de última moda!

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Se los ve admirando el paisaje, tomando fotografías con sus cámaras digitales de última generación, realizando actividades al aire libre y degustando vinos en sus diferentes varietales y gastronomía regional. Son en su mayoría extranjeros, arribaron a Mendoza desde los lugares más remotos del planeta, hablan idiomas diferentes, pero tienen todos una característica en común: llegaron pedaleando, en bicicletas todo terreno.

«Hoy es la última moda hacer mountain bike por viñedos y bodegas. Los extranjeros son nuestros principales clientes, diría el 80 por ciento, sobre todo los norteamericanos y europeos (Inglaterra, Irlanda, España, Francia, Alemania y Bélgica), pero también llegan desde lugares remotos como Malasia, Finlandia, Filipinas y Corea», cuenta Juan Pablo Marziani, de Kahuak, única agencia de turismo que organiza este tipo de actividades.

«De América Latina, lo más frecuente es tener pasajeros de Brasil y algo de México, mientras que el 20 por ciento restante corresponde a los argentinos, procedentes en su mayoría de Capital Federal, provincia de Buenos Aires, Córdoba y Santa Fe», continúa Marziani.

Nota completa: http://www.ambito.com/diario/noticia_ee.asp?id=460243