Dicas de Salta e Jujuy (Tilcara)

O Edu batizou Tilcara de “Tilcara Soho” porque depois de passar por povoados tão roots, a cidade nos surpreendeu com lojas de design, restaurantes de comida fusion, pousadas charmosas e até com uma livraria-café onde se poder escutar Billie Holiday.

Mas que ninguém se engane. Ela é muito mais que isso, claro. É considerada a capital arqueológica da Quebrada porque conta com um pucará (sitio arqueológico considerado o mais importante da antigas populações da região, construído pelos nativos omaguacas em épocas precolombinas)

Antes de falar de Tilcara quero contar umas coisas do caminho. Vou publicar o mapa de novo para vocês acompanharem o roteiro.

Saindo de Purmamarca em direção ao norte, a gente vai passar logo por Maimará, à direita da rodovia, outra pequeníssima cidade que tem duas coisas interessantes.

Uma é o Cerro Paleta do Pintor – outro cerro multicolor. Depois, o cemitério, estranhíssimo, com suas flores que “duram toda uma morte”. Ou seja, passam por um processo de secagem que serve para que nunca deixem de parecer novas.

Os cerros coloridos vão acompanhar o viajante, do lado direito do caminho, até Humahuaca.

Se vê o cemitério da rodovia, para quem não quiser entrar na cidade

Paleta del pintor

Campo de cardones no caminho para Tilcara (Foto Eduardo Baró)

Chegando em Tilcara, que como as outras cidades da Quebrada é super ocre, recomendo caminhar à toa para um primeiro reconhecimento, cervejinha com empanada, e só depois sair para conhecer o Pucará de Tilcara, a Garganta do Diabo (cachoeira), Quebrada de Juella (vista panorâmica e pucará), La Isla (panorâmica e cemintério indígena).

Na cidade há muita oferta de trekking, expedições, montanhismo.

Foto Eduardo Baró

Pessoalmente, achei Tilcara muito mais viva que Pumamarca. Talvez porque tenhamos chegado justo num dia de festa, com apresentações do balé da cidade, que no dia seguinte ia participar de uma competição na região e fazia seu ensaio final.

A gente passou o dia para lá e para cá, caminhando na cidade, fechou a tarde na livraria-café Viento Libros (Padilha, 490) e jantou num lugar dez, que super indico, chamado Khuska, onde provei llama na cerveja negra com timbal de quinoa. Divino!

Algumas fotos da cidade:

Pucará é o principal ponto de visitação da cidade

Montanha como cenário! Luxo só.

Chegamos em dia de festa!

São “cientos” de variedades de milho!

Compramos um ótimo livro de comida andina, para aprender a fazer papines, usar quinoa mais cotidianamente e entender um pouco mais o significado dos alimentos para os povos incas. No final o Edu ficou assim, tocando Zampoña!

Povo consciente. Gostamos.

Desfilando nossos sombreros!

Mucho vino?

Dicas de Salta e Jujuy (Purmamarca e Salinas Grandes)

Salta e Jujuy/ Gisele Teixeira

Parte deste cerro já existia há 75 milhões de anos!

Purmamarca e seu Cierro de los Siete Colores são um dos pontos altos da viagem para o Norte argentino e um dos cartões postais mais famosos da Quebrada de Humahuaca.

A Quebrada é um vale andino de 155 km de extensão, bem no meio da província de Jujuy. É uma paisagem única no mundo.

Além disso, os povos índios da região conservam crenças religiosas, festas, música e técnicas agrícolas muito antigas, que ajudaram a incluir este lugar como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, em 2003.

Foto Eduardo Baró

Purmamarca significa “Pueblo de la Tierra Virgen” em língua aimará, e o cerro, originado há 75 milhões de anos, é formado por sedimentos marinhos, lacustres e fluviais que foram se depositando na zona durante séculos. Cada cor vem de um período geológico diferente.

É o telão de fundo desta pequena cidade que encanta a gente logo de cara, uma localidade de origem pré-hispânica declarada Sítio Histórico Nacional e que cresceu ao redor da igreja Santa Rosa de Lima.

O melhor é observá-lo de manhã cedo, quando o sol começa a bater na montanha, e o povoado ainda está quase sem turistas, que chegam em massa a partir das 10h.

A cidade é toda em tons ocre, bem pequena, mas sempre foi passagem de viajantes, desde a época dos Incas.

Logo cedo começa e a se armar uma feirinha de artesanato infernal! Melhor não se deter aí no momento. Passear, seguir viagem, e deixar as compras para o final de tarde.

A igreja, no centro da pracinha, é toda feita adobe e cardon (uma espécie de cactus muito tradicional no Norte). Ao lado, outra jóia, um algarrobo de 700 anos. Acreditem.

A esquina mais clássica de Purmamarca

A igreja é de 1648!

Depois de observar o Cerro, minha sugestão é tomar um café com medialunas vendo a cidade se preparar para o dia e, em seguida, pegar o rumo para Salinas Grandes ( RN Nº 52, super sinalizada), outro lugar mágico, de trajeto deslumbrante.

SALINAS GRANDES

São 126 km pela Cuesta de Lipán até Abra de Potrerillo, onde estão as salinas – uma das maiores depressões da província, com mais de 12.000 hectares de sal a céu aberto. É o terceiro maior salar do mundo, depois do Salar de Uyuni, na Bolívia e do  Salar de Arizaro, em Salta. Filtro solar e óculos de sol!

Para chegar lá a gente sobe! E muito. O ponto mais alto é a 4.170 metros do nível do mar. Nesse lugar faz um frio de menos de 25 graus à noite e a água que brota chão está sempre congelada. E depois de subir a gente tem que descer e fazer tudo de novo para voltar. E dá-lhe vista linda.

Cuesta de Lipan

Para comparar: o Aconcágua, em Mendoza, tem 6.964m e é a montanha mais alta fora da Ásia.

Importante: não entrar com o carro nas salinas. A gente viu um que encalhou na meio e ficou sabendo de outro, que passou pelo mesmo problema dia seguinte.

Depois de voltar das Salinas, aí sim é hora das compras. Purmamarca é o lugar para comprar aguayos, mantas para a parede ou cama, artigos em pedra e palha, roupas de lã de ovelha e llama, pratarias.

A terceira maior salina do mundo

Esses panos coloridos custam 70 pesos o grande, tamanho casal, e 35 pesos o pequeno.

O ideal é dormir em Purmamarca para sentir a cidade depois que a maioria dos turistas vai embora. Foi o que a gente fez. Mas também dá para armar sede em Tilcara, mais adiante, e ir e voltar. Uma das coisas boas desta região é que todos os povoados são muito perto.

O hotel que a gente ficou era horrível, especialmente pelo dono, que não tem nenhum preparo para tratar com turistas, e pelo café da manhã, que era de chorar. Mas como não tinha nada mais disponível na cidade, não tivemos opção. Deixo o nome aqui para que ninguém se hospede lá: se chama hosteria Bebo Vilte. Não, não, não. 

Para fechar, deixo uma matéria sobre a Quebrada que saiu no Pagina 12 deste fim de semana, AQUI.

Dicas de Salta e Jujuy (Lagoas de Yala e Termas de Reyes)

Esse foi o mapa que usamos. Saímos de Jujuy e fomos até Humahuaca.

Para ir de Salta a Jujuy, rumo ao norte, há duas opções.

Uma é seguir pela Ruta 34, de 124 km, bem tranqüila. A outra é pela Ruta 9, de 94km todinhos de “cornisa”, de estrada bem sinuosa, nossa opção.

Em alguns trechos passa só um carro!

É um caminho para ser feito durante o dia, a no máximo 40km por hora. Não é para motoristas iniciantes, já que em alguns trechos a via não ultrapassa 4 metros para as duas mãos! Dá um medinho, mas vale a pena.

Fizemos uma parada estratégica em Jujuy para almoçar e caminhar um pouco pelo centro. Nosso plano inicial era dormir em Tilcara, mas no centro de turismo de Jujuy nos avisaram que todos os hotéis estavam lotados.

Optamos por dormir em Lozano, a 30km da capital. Por sorte, o nosso hotel – La Posta de Lozano – era ótimo.

Menos é mais

Cama e banho de primeira qualidade, num lugar lindo, com direito a lareira gigante no restaurante. Por 90 pesos dividimos um “truchon com salsa de limón y legumbres salteados”.

Essa paradinha não planejada nos permitiu descobrir uma pequena cidade vizinha chamada Yala, onde há dois lindos lagos, que estão há 2.100 metros acima do nível do mar, além de muitos rios de montanha, cheios de pedras, que secam no inverno e enchem no verão com a água do degelo das montanhas. E, por fim, ainda a região das termas.

Lagos de altura, novidade para mim

Por causa desses rios de montanha, a região é famosa pelas trutas, peixe da família do salmão que só dá em águas muito limpas, muito oxigenadas e com temperaturas de menos de 15 graus.

Rios que ficam cheios somente no verão, com a água do degelo das montanhas

O caminho para chegar aos lagos é todo sinuoso, com uma vegetacao exuberante. Termina numa região de termas de altura (Jujuy tem 400 fontes termais!), com águas que afloram a 56 graus e, dizem, são curativas por serem de baixa salinidade, sulfatadas e bicarbonadas.

Na piscina, lá em baixo, tem banho quentinho no inverno

Vegetação exuberante, bem diferente da Quebrada

Dicas de Salta e Jujuy (o caminho a Cafayate)

Abusou!

Um dos belos passeios a partir de Salta é ir a Cafayate, cidade que está a 1.700 metros acima do nível do mar e é conhecida pelos excelentes vinhos produzidos, em especial o Torrontés. Para chegar até lá, tomamos a rodovia 68, a “Ruta Del Vino”.

Cenário que a natureza levou anos preparando para a gente

De Salta até Cafayate são apenas 180 km,  em uma estrada totalmente asfaltada, bem sinalizada e com pouco trânsito, mas a gente levou seis horas!!!

Isto porque o caminho é alucinante, especialmente a região da Quebrada das Conchas ou Quebradas do Cafayate.  A gente parou para ver cada detalhe.

Este vale do rio Las Conchas possui formações rochosas vermelhas que seguem o leito do rio formando vales e desfiladeiros, e tem, ainda por cima, a Cordilheira dos Andes como pano de fundo.

Pão quentinho feito no forno à lenha

Além das paradas para fotos e explorações, paramos para lanchinhos (pão quente com café, oferta irresistível) e para “caçar” as llamas mas fotogênicas!

Nesse caminho, pelo menos dois pontos imperdíveis: a Garganta do Diabo e o Anfiteatro (com acústica impecável), além da própria Quebrada das Conchas.

Pra gente não esquecer do nosso real tamanho nesse planeta

A gente levou tanto tempo no caminho que quando chegou a Cafayate já estava na hora de voltar. Aviso aos navegantes: se não tivesse que voltar para um compromisso na cidade, teria dormido em Cafayate e seguido de lá para Cachi (passeio que a gente não fez porque não deu tempo e sei que é um dos mais lindos).

Cafayate é um pueblito, com uma pracinha no meio e muito vinho pra tomar! São pelo menos 25 bodegas, sendo que as mais conhecidas são El Esteco, Etchart, Fica Quara e Vasija Secreta. Algumas delas possuem restaurantes e outras são hotéis-spa, como o Patios de Cafayate. 

Essa região é para provar o Torrontés

Bodega El Esteco

Ideal para ficar no solzinho vendo a vida passar

A gente optou por comer uma coisa leve, tomar um sol na praça e depois zarpar para casa. Foi aí que  encontramos dois argentinos que estão viajando pela América do Sul numa kombi. Imagina se o Edu não parou “prum dedo de prosa”. Quem sabe alguém mais se inspira…

Detalhe para a biblioteca coberta acima da cabine do motorista

Na volta, a cor das rochas era assim como na foto abaixo. Não tem filtro, não tem nada. Fica a dica: deixem para fotografar as pedras na volta!

Esse é o caminho das conchas.Porque aqui um dia foi mar!

Tchau Cafayate!

Dicas de Salta e Jujuy (Salta Capital)

Igreja de San Francisco

Salta é uma cidade super católica, com forte arquitetura colonial, lindo artesanato, deliciosas empanadas e muita música e história.

A cidade está a 1.500 km das fronteiras oeste do Paraná e de Santa Catarina (a mesma distância de Salta a Buenos Aires), e está na rota de brasileiros que fazem viagens de carro ao Atacama, atravessando a Cordilheira por estradas secundárias.

Se alguém tiver apenas um dia na cidade, o passeio obrigatório é o Museu de Arqueologia de Alta Montanha. É um dos mais bem montados que já visitei e um um lugar que, para minha surpresa, me emocionou muito.

Pela primeira vez “senti” o que até então era apenas uma palavra, quando muito um conceito: ancestralidade. O principal acervo são os os “Niños de Llullaillaco”, três múmias incas encontradas em 1999, enterradas no alto de uma montanha.

Vou falar mais sobre o museu e os rituais Incas na coluna Cartas de Buenos Aires, no Noblat, na semana que vem. Por isso nao vou mencionar mais nada aqui. Fiquem com o vídeo da National Geographic sobre o tema.

Depois do Museu, aproveitem para comer uma empanada saltenha (menor que a portenha e com batata), tomando uma cerveja bem gelada na Praça 9 de Julho, onde a cidade foi fundada, em 1582.

Se achando o próprio saltenho!

Após esta parada estratégica, hora de partir para conhecer outros pontos turísticos. Duas belas igrejas merecem destaque no centro histórico. Uma é a Catedral Basílica de Salta , com suas paredes rosa, santuários e mausoléus (é onde está enterrados o gerenal Guemes, herói da guerra da independência). A outra é a linda Igreja de São Francisco, uma igreja vermelha de estilo neoclássico do final do século XIX. Também valem a visita o cabildo, o convento San Bernardo e algumas das mansões que ficam na praça. Há, ainda, o Museu de Arte Contemporânea, que não visitamos por falta de tempo.

Difícil escolher o mais lindo

Para a tarde, quem quiser COMPRAR ARTESANATO DE QUALIDADE, deixo a dica da loja Samponia (Caseros, 468), que vende Aguayos antigos a partir de 400 pesos. Lindos de morrer. Os aguayos são utilizados pelas mulheres bolivianas para carregar, o kepear,  bebês e outros objetos, e são prendido na frente com um Tupu (prendedor de plata). Os mais antigos, já usados, são mais valiosos. Mas há de todo o preço, a partir de 80 pesos (o grande)

Outros bons lugares para deixar uns cobres são a loja do Museu de Alta Montanha e a loja Björk, em Zuviria, 20, ao lado do Hotel Vitoria, na praça central, que vende uns vestidos e peças de decoração cheios de estilo. Aliás, tudo nesta loja é cheio de estilo! Levei duas pequenas obras em batik para a parede.

Vista do Cerro San Bernardo

No final da tarde, a dica é subir o Cerro San Bernado (nos atrasamos e perdemos o por do sol!!), de onde se tem uma vista de toda a cidade de Salta e do vale de Lerma. Lá no topo, uma empresa oferece a descida de montain bike, mas não arriscamos!

Para fechar o dia, nada como se jogar numa boa   “peña folclórica”, parada obrigatória em Salta.

As peñas são lugares onde se reúnem jovens e adultos, músicos, moradores e visitantes de outros países para cantar e dançar “zambas” e “chacareras”.

A gente acabou num lugar bem turístico que se chama La Vieja Estacion (empanadas a 4 pesos, principais a 50 e show a 40). Achei a comida mais ou menos, me senti num show de tango em Buenos Aires, mas mesmo assim a gente se divertiu e riu muito.

Cuidado que elas tiram a gente pra dançar!

DICA: A noite de Salta é famosa por ser muito animada. A rua Balcarce é cheia de bares, restaurantes e peñas.

Para uma opção menos folclórica, indico o La Pasionaria (Balcarce 658) e o Café del Tiempo, na mesma rua.

Outra dica para comer empanadas: La Criollita (Zuviria 306), uma casa super simples, que entramos por acaso, e depois descobrimos estar na lista de sugestões do New York Times! Para comer empanadas a 4,00 pesos e locros a 35,00.

Dicas de Salta y Jujuy (informacões gerais)

As províncias de Salta e Jujuy ficam bem ao noroeste da Argentina, pertinho da Cordilheira dos Andes. Antes de viajar não conseguia entender a diferença entre as duas. Agora, se tivesse que explicar rapidamente, diria que Salta é bem gaucha, espanhola, colonial. E Jujuy é bem índia, tierra, com influencia de Bolívia e Peru.

Mas isso a gente vai ver com calma nos posts posteriores. Vou publicar várias notas, organizadas da seguinte maneira:

1. Salta Capital

2. Cafayate

3. Salta/Jujuy

4. Lagunas de Yala e Termas de Reyes

5. Purmamarca/Salinas Grandes

6. Tilcara

7. Humauhaca

QUANTO TEMPO FICAR? Para fazer uma viagem tranquila, sugiro seis dias, partindo de duas bases. A primeira em Salta, de três dias, para conhecer a Capital,  ir a Cafayate e ir a Cachi. Depois, mais três para a Quebrada de Humahuaca, ficando em Tilcara  e saindo de lá um dia para Pumamarca+Grandes Salina, outro para a cidade de Humahuaca e o terceiro em Tilcara mesmo.

Pé na estrada!

ALUGUEL DE CARRO? Sim. Sim. Sim. Essa era outra dúvida que eu tinha antes de viajar e agora recomendo fortemente. Dá para fazer os passeios em van, mas não é a mesma coisa. A gente alugou carro direto no aeroporto de Salta, mas quem quiser economizar uma diária pode alugar na cidade, no segundo dia, já que no primeiro ele não é necessário.

Ótima cama, banho quentinho e aconchego

ONDE HOSPEDAR-SE? Como íamos gastar com carro, optamos em Salta por uma hospedagem mais barata, e com muito mais carinho. E nos demos super bem. Ficamos na casa da Josefina, um moradora da cidade que aluga quartos pelo Airbnb e que nos recebeu divinamente. A história é velha conhecida: um apartamento que fica grande depois que os filhos crescem e vao morar em outro lugar.

Como ela adora viajar e conhecer gente nova, abriu as portas de casa. A diária é de U$ 30 por quarto, com café da manhã. O apê tem um quarto de casal (com uma cama tao boa que nunca conseguimos levantar antes das 9h), um segundo com duas camas e um terceiro com beliche.

Todos compartem dois banheiros. Esta semana estávamos somente nós. Tomamos café da manha juntos (com medialunas, sucos, frios, doce de leite), conversamos e trocamos muito mais informacao que em um hotel. Diez puntos. Altamente recomendavel, a tres cuadras da praca 9 de Julho.  Reservas pelo email: joguerineau@hotmail.com

DICA: Se viajarem para o Norte em alta temporada, como nós, é IMPRESCINDÍVEL fazer reserva. Caso contrários vocês vão ficar mal acomodados, pagando caro.  Tanto em Salta quanto em Jujuy as oficinas de turismo são super eficientes e buscam hotel, na hora, para quem não tem alojamento. Maravilha! 

Sugestão para ficar em alto estilo em Salta: Hostal Solar de la Plaza, com diárias a partir de 700 pesos.

Sugestão de hotel no caminho de Salta para Jujuy: Posta de Lozano. A gente ficou lá porque no primeiro dia estava absolutamente tudo lotado em Pumamarca, e gostamos muito. Fica numa cidadezinha chamada Lozano, logo depois de Jujuy. Um hotel de primeira, com restaurante ótimo e com lareira, wifi, todas as comodidades. Diária a 280 pesos. Foi porque paramos por lá que conhecemos as Lagunas de Yala e as termas.

Sugestão de hotel em Pumamarca: a gente ficou num lugar horrível, que nem vou mencionar. Mas deixo a dica deste outro, Hotel Don Faustino, super bacana. Diárias a 300 pesos para casal.

Só no balancinho

Sugestão de hotel em Tilcara: a cidade tem várias pousadas bacanas. Deixo a dica do hostel Malka, super zen, que adoramos, com cabanas e varandas para matear e admirar a cidade sem pressa. Cabana para um casal a 23o pesos.

Bora?

Dicas de Lisboa: Fernando Pessoa

Nos encontramos (e desencontramos) com Fernando Pessoa diversas vezes em Lisboa.

Um dos encontros foi na na Fundação Calouste Gulbenkian, que estava com a uma exposição dedicada ao poeta e aos seus heterônimos,  chamada “Fernando Pessoa, plural como o universo”. Com curadoria de Carlos Felipe Moisés e Richard Zenith, a mostra tinha  raridades como a primeira edição do livro Mensagem, com uma dedicatória escrita pelo poeta, e o baú onde ele guardava seus texto. É a mesma exposição que esteve em São Paulo, no Museu da Língua Portuguesa. Ficamos horas por lá, desvendando cada cantinho.

O Edu e eu, descobrindo com Pessoa que também somos múltiplos

O desencontro foi na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa. A gente tentou chegar lá duas vezes, e em nenhuma deu certo. Na primeira, nos perdemos. E na segunda o lugar estava fechado.

Inaugurada em novembro de 1993, a Casa Fernando Pessoa é um centro cultural destinado a homenagear o poeta e a sua memória, criado no local onde ele passou os seus últimos quinze anos de vida, em Campo de Ourique. Tem um auditório e uma biblioteca exclusivamente dedicada à poesia, além de uma parte do espólio de Pessoa (objetos e mobiliário que pertenceram ao poeta e que são atualmente patrimônio municipal).

No primeiro piso está o último quarto de Fernando Pessoa, reconstituído tal como era, com alguns móveis que lhe pertenceram e que o acompanharam ao longo de uma vida de mudanças de habitação – dezesseis no total. Neste quarto encontra-se a comoda onde Fernando Pessoa teria escrito, na noite de 8 de março de 1914, três dos seus poemas maiores: O Guardador de Rebanhos, de Alberto Caeiro, A Chuva Oblíqua, de Fernando Pessoa, e a Ode Triunfal, de Álvaro de Campos.

Quarto do poeta, tal como era antes

Mas como a vida é real e de viés, nos deu um presente. Outro encontro.

Vejam bem que casualidade, no último dia da viagem conhecemos a arquiteta italiana Daniela Ermano, que fez a reforma da casa de Pessoa, e que nos presentou com uma noite contando fatos inéditos da vida do poeta. Uma honra!

Ela também era amiga do escritor Antonio Tabucchi, um divulgador da obra de Fernando Pessoa, de quem foi tradutor e sobre quem escreveu. Tivemos acesso a um texto inédito de Tabucchi, que justo veio a falecer semana passada.

De origem italiana, o único livro que Tabucchi escreveu em português chama-se “Requiem”, uma obra que é “uma alucinação em torno de Fernando Pessoa” e simultaneamente uma declaração de amor a Portugal e, em particular, a Lisboa. Dirigida pela escritora Inês Pedrosa, a Casa Fernando Pessoa realizou, justamente hoje, uma maratona de leitura integral do “Requiem”.

Ficamos sabendo da morte dele num dos lugares mais lindos que já pisei. Cap de Creus, no norte da Espanha.

Um brinde à obra que nos deixou Tabucchi

Um terceiro encontro com Pessoa veio por meio da obra A máquina de fazer espanhóis,  romance de Valter Hugo Mãe, que narra a história de Antônio Jorge da Silva, um barbeiro de 84 anos que depois de perder a mulher passa a viver num asilo. Nesse lugar o narrador conhece o personagem Esteves, que diz ser o “Esteves” que habita os versos do poema “Tabacaria”, de Fernando Pessoa, a quem verdadeiramente conheceu no suposto estabelecimento. É o “Esteves sem metafísica”. Além desta referência, vale dizer que me emocionei diversas vezes nesta leitura, que é essencialmente sobre a velhice.

O Edu, sortudo, teve uma conversa mais íntima com o poeta. Para ler a íntegra do poema Tabacaria, clique AQUI.

Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. (do poema A Tabacaria)

Dicas de Lisboa

Além dos passeios que “tem que fazer” e que estão em todos os guias, deixo aqui uma seleção de lugares que gostei em Lisboa.

Pátio interno da casa

  • Restaurante Casa do Alentejo – Passando pela porta a gente não dá nada por este lugar, mas por dentro ele é um escândalo! A casa é um antigo palacete de influência árabe, a começar pelo saguão que lembra direto o Marrocos. O restaurante, no primeiro andar, não deixa por menos. Os preços são bem honestos e a comida farta, com pratos de quase todas as partes do Alentejo. Fica na Rua das Portas de Santo Antão, 58, na Baixa.
  • Esplanada do Torel – Um café que fica no Jardim do Torel, com uma magnífica vista para a Avenida da Liberdade e Miradouro de S. Pedro de Alcantara. A gente chega lá  pelo Campo Santana ou Rua das Pretas, assim como pelo velho elevador do Lavra, a partir do Largo da Anunciada. Ótimo para um brunch de domingo ou fim de tarde.

    Preguiça domingueira e matutina

  • Restaurante  Os Tibetanos – Sei que ninguem vai a Portugal para comer comida tibetana, mas para os vegetarianos deixo a dica. Esse é um dos melhores da cidade. Fica na Rua do Salitre, 117 .  Fecha domingos e feriados.

Delícia de comida

  • Pavilhao Chines – Desta vez a dica foi da Gabi, do Conexão Buenos Aires. Pelo nome esperava uma coisa mais chinesa, mas não tem nada a ver e mesmo assim é muito bom. A gente ficou nesta parte da sinuca (foto abaixo), mas cuidado. É também a área de fumantes e a gente não sabia. Saímos direto para casa para tomar um banho. Melhor ficar na frente. Se você não fuma, claro. Fica no Bairro Alto.

    Perfeito para um drinque

    Perfeito para um drinque

  • Livraria Fabula Urbis – Esta livraria tem o melhor acervo de livros sobre Lisboa, especialmente sobre arquitetura e urbanismo. Fica na Rua de Augusto Rosa, 27, na Alfama.
  • Cafe Zazou – Este cafezinho também fica em Alfama, meio escondido, perto da igreja da Sé (Calcada do Correio Velho, 7). Além de vender umas delícias gastronômicas, é também um lugar onde a gente pode encontrar artesanato português de boa qualidade.
  • Pois, café Também pertinho da Sé e ótimo para uma parada (Rua São João Praca, 95). O espaço nasceu da graça que as proprietárias austríacas acharam à palavra “pois”, que os portugueses não se cansam de dizer. Do antigo armazém de especiarias pouco restou a não ser o teto altíssimo sustentado por três arcos de pedra. As mesas são inspiradas em cidades que lhe dão o nome. A gente sentou na Buenos Aires, claro, que é um recanto com sofás e mesinhas de apoio que nos deram a sensação de estar em casa. O melhor: o lugar é cheio de revistas e livros em diversos idiomas!

    Paradinha estratégica no Pois!

  • Artista plástico Joao MouroAmei a descoberta deste artista plástico que expõe na Galeria 52 ((Rua do Diário de Notícias, 59). Todos os objetos são construídos com materiais desperdiçados pelo consumidor. Difícil escolher apenas uma foto para colocar aqui. Sugiro a todos uma espiada no site dele.

    Dá para morar aqui?

  • Museu do Designe da Moda – Adorei o MUDE que, além de tudo, tem entrada grátis. O acervo do lugar é gigante, mas o espaço é pequeno, o que faz com que a cada seis meses a programação seja alterada. Hoje eles inauguraram uma exposição sobre os designers de moda em Portugal. “Diz-me do que gostas… dir-te-ei quem és” é uma mostra que explora o universo de 22 criadores de moda desde os finais de 1980 até à atualidade. O próprio lugar, um antigo banco, já merece uma visita. Vai para a lista dos imperdíveis.

    Acervo de mais de 2.500 objetos

  • Café Buenos Aires – Em pleno coracao lisboeta e próximo a conhecida Rua Garrett, se encontra um belo representante da gastronomia argentina para quem estiver cansado dos peixes: El Café Buenos Aires. Conto a história: um dia o Edu ficou com saudades de uma bela porcão de flan con dulce de leche e a gente foi lá. É pequeninho e super aconchegante para noites de frio.
  • Antonio Zambujo – Um cantor de fado que eu nao conhecia e foi indicado pelo nosso anfitrião em Lisboa.
  • Para curtir e ser feliz – O nosso ape em Lisboa, alugado pelo Airbnb. O proprietário, o Jorge, e a companheira dele, a Daniela, nos receberam tao bem que ficamos amigos. Além do lugar ser uma graça, tem um terraço de tirar o folego.

Para matear no fim da tarde. Sim, a gente levou o mate!

Diário de bordo Lisboa (1): os inferninhos cool

A gente anda batendo ponto aqui

Anotem este endereço: Rua Nova do Carvalho com Rua do Alecrim. É praticamente a “nossa” esquina nesta viagem à Lisboa.

Fica no Cais do Sodré, um bairro em processo de renovação que e abriga quatro bares da cidade que a gente adorou: Pensão do Amor, Bar da Velha Senhora, Sol e Pesca e O Povo.

O endereço reparte espaço com antigos inferninhos (que ainda sobrevivem) com  prostitutas que costumavam receber marinheiros vindos de portos tão distantes quanto Oslo, Holanda e Jamaica.

Mas vamos por partes.

O mais bacana deles é o Pensão do Amor, que tem duas entradas. Quem chega pelo Alecrim dá de cara com uma sala com paredes vermelhas, abajures art deco, imagens antigas de senhoras seminuas posando em fotos timidamente eróticas. É onde funciona o bar.

Bajofondo

Seguindo, há uma sala vazia com um pequeno palco, que serve tanto para festas como para exposições. Mas a gente vai entrando e o ambiente vai ficando menos sofisticado e mais com cara de puteiro mesmo. Uma sala cheia de almofadas estilo leopardo, luz disco anos 80, e cano para pool dance.

Juntinho, uma livraria de obras eróticas e uma sex shop.

Descendo, num ambiente meio under todo pintado com pin-ups, a gente dá na rua Nova do Carvalho, onde estão os outros três novos espaços.

Dúvida...

Hora de atualizar o diário de bordo

No Sol e Pesca, a excelência são as conservas. O lugar funciona na antiga loja do Marreco, de artigos para pescaria, que ficou fechada por 20 anos. Na reabertura, eles mantiveram o máximo possível o astral original, com redes, anzóis, bóias.

Na mesa, tudo o que vocês puderem imaginar de peixes que cabem numa lata: sardinha, cavala, atum, bacalhau, enguias ou polvo, anchova petinga ou carapau… E as marcas tambem não são poucas. Matosinhos, Pinhais, Minerva, Conserveira de Lisboa, Tricana, Minor.

A idéia é provar várias!

Do ladinho está o Bar da Velha Senhora, que tem uma história que mescla ficção e realidade. Dizem que ali vivia uma menina que veio de Trás-os-Montes para Lisboa como criada e que, tornada “mulher voluptuosa e de curvas generosas”, viria a ser a “Madame do Cais do Sodré”.

No interior da casa, quase tudo obedece à temática do burlesco e ao imaginário do Cais do Sodré de inícios do século XX.

Entre petiscos e pratos “tipicamente locais”, quase todos brincam de forma mais ou menos inocente com o burlesco. “Punhetas de bacalhau” é um dos mais pedidos, por exemplo (os preços giram entre 2,5€ e 7€). Nas bebidas, os vinhos são a aposta mais forte.

Fado "moderno"

Por fim, O Povo, onde a gente ficou escutando fado (Claudia Duarte) sem se sentir numa casa portuguesa com certeza. É do mesmo dono de um espaço chamado Music Box. Petiscos locais e programação que reúne tradição e inovação. Por exemplo, há mensalmente um artista residente, um talento desconhecido vindo do mundo do fado. Caldo verde a 2 euros e todo mundo feliz no final da noite.

Dá para entender porque a gente não sai desse cantinho?