Dicas de Salta e Jujuy (Salta Capital)

Igreja de San Francisco

Salta é uma cidade super católica, com forte arquitetura colonial, lindo artesanato, deliciosas empanadas e muita música e história.

A cidade está a 1.500 km das fronteiras oeste do Paraná e de Santa Catarina (a mesma distância de Salta a Buenos Aires), e está na rota de brasileiros que fazem viagens de carro ao Atacama, atravessando a Cordilheira por estradas secundárias.

Se alguém tiver apenas um dia na cidade, o passeio obrigatório é o Museu de Arqueologia de Alta Montanha. É um dos mais bem montados que já visitei e um um lugar que, para minha surpresa, me emocionou muito.

Pela primeira vez “senti” o que até então era apenas uma palavra, quando muito um conceito: ancestralidade. O principal acervo são os os “Niños de Llullaillaco”, três múmias incas encontradas em 1999, enterradas no alto de uma montanha.

Vou falar mais sobre o museu e os rituais Incas na coluna Cartas de Buenos Aires, no Noblat, na semana que vem. Por isso nao vou mencionar mais nada aqui. Fiquem com o vídeo da National Geographic sobre o tema.

Depois do Museu, aproveitem para comer uma empanada saltenha (menor que a portenha e com batata), tomando uma cerveja bem gelada na Praça 9 de Julho, onde a cidade foi fundada, em 1582.

Se achando o próprio saltenho!

Após esta parada estratégica, hora de partir para conhecer outros pontos turísticos. Duas belas igrejas merecem destaque no centro histórico. Uma é a Catedral Basílica de Salta , com suas paredes rosa, santuários e mausoléus (é onde está enterrados o gerenal Guemes, herói da guerra da independência). A outra é a linda Igreja de São Francisco, uma igreja vermelha de estilo neoclássico do final do século XIX. Também valem a visita o cabildo, o convento San Bernardo e algumas das mansões que ficam na praça. Há, ainda, o Museu de Arte Contemporânea, que não visitamos por falta de tempo.

Difícil escolher o mais lindo

Para a tarde, quem quiser COMPRAR ARTESANATO DE QUALIDADE, deixo a dica da loja Samponia (Caseros, 468), que vende Aguayos antigos a partir de 400 pesos. Lindos de morrer. Os aguayos são utilizados pelas mulheres bolivianas para carregar, o kepear,  bebês e outros objetos, e são prendido na frente com um Tupu (prendedor de plata). Os mais antigos, já usados, são mais valiosos. Mas há de todo o preço, a partir de 80 pesos (o grande)

Outros bons lugares para deixar uns cobres são a loja do Museu de Alta Montanha e a loja Björk, em Zuviria, 20, ao lado do Hotel Vitoria, na praça central, que vende uns vestidos e peças de decoração cheios de estilo. Aliás, tudo nesta loja é cheio de estilo! Levei duas pequenas obras em batik para a parede.

Vista do Cerro San Bernardo

No final da tarde, a dica é subir o Cerro San Bernado (nos atrasamos e perdemos o por do sol!!), de onde se tem uma vista de toda a cidade de Salta e do vale de Lerma. Lá no topo, uma empresa oferece a descida de montain bike, mas não arriscamos!

Para fechar o dia, nada como se jogar numa boa   “peña folclórica”, parada obrigatória em Salta.

As peñas são lugares onde se reúnem jovens e adultos, músicos, moradores e visitantes de outros países para cantar e dançar “zambas” e “chacareras”.

A gente acabou num lugar bem turístico que se chama La Vieja Estacion (empanadas a 4 pesos, principais a 50 e show a 40). Achei a comida mais ou menos, me senti num show de tango em Buenos Aires, mas mesmo assim a gente se divertiu e riu muito.

Cuidado que elas tiram a gente pra dançar!

DICA: A noite de Salta é famosa por ser muito animada. A rua Balcarce é cheia de bares, restaurantes e peñas.

Para uma opção menos folclórica, indico o La Pasionaria (Balcarce 658) e o Café del Tiempo, na mesma rua.

Outra dica para comer empanadas: La Criollita (Zuviria 306), uma casa super simples, que entramos por acaso, e depois descobrimos estar na lista de sugestões do New York Times! Para comer empanadas a 4,00 pesos e locros a 35,00.

RLF no Jornal do Comércio

A jornalista Adriana Lampert, do Jornal do Comércio de Porto Alegre, fez uma matéria super bacana sobre o Rent a Local Friend.

O link para o texto completo está AQUI.

Passagem grátis para Buenos Aires!

Venham curtir o outono com a gente!

Para comemorar o aniversário de Buenos Aires, a Gol está oferecendo os voos de ida gratuitos para quem comprar ida e volta para a cidade!

É uma excelente chance para visitar a capital argentina pagando pouco.

As passagens gratuitas são para embarque entre os dias 16 e 22 de junho e o tempo de permanência na cidade deve ser de duas a dez noites.

Há opções de saída de São Paulo (Guarulhos), Rio de Janeiro (Galeão), Florianópolis e Porto Alegre, e é possível encontrar passagens de volta a partir de R$ 188.

Segundo a GOL, a compra das passagens devem ser feitas até 07 de junho, mas são apenas dez passagens promocionais por voo. Promoção relâmpago! Compra quem chega na frente e amanhã já deve ter acabado!

RLF: um tango para Bangalore!

Foto E.Baro

Hoje tive um ótimo dia na companhia de Saurabh Kale, um indiano de Bangalore que veio a trabalho para Buenos Aires  e aproveitou um dos dias de folga para passear pela cidade via Rent a Local Friend.

Como era sua primeira vez na capital argentina, fizemos um programa que mesclou um pouco do circuito “basicão” com algumas coisas menos usuais, como o concerto do Ariel Ardit no Teatro San Martin.

Antes do show,  Saurabh teve uma aulinha sobre os diferentes tipos de tango, desde as orquestras mais tradicionais, como as dos anos 40, até o chamado tango eletrônico.

O tempo lá fora ajudou, com um dia lindo de outono, e as mentes abertas, dispostas a ouvir o outro, também. Resultado: to sabendo um monte de coisas sobre a Índia e  Saurabh tá voltando para casa com um mate – que ele provou e gostou.

Quarta-feira chega Dalyana, de Singapura. Outro dia que promete ser muito rico de intercambio cultural.

Dicas da cidade do Porto (Portugal)

Aos poucos vou publicando informações e dicas sobre Portugal e Espanha.

A descoberta do Porto foi uma das melhores surpresas da viagem. A cidade é arrasadoramente linda. Coisa para sentar e ficar olhando por horas. A luz, as casas, as pontes, as gentes. Deixo, abaixo, uma série de fotos e sugestões de lugares para visitar por lá. O ideial é ficar pelo menos uns tres dias na região. A gente ficou esse tempo e não fez nem a metade dos passeios que “tem que” fazer. Ficou só caminhando à toa e tomando vinho.

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Algumas dicas:

  •  Gallery Hostel – Amamos este hostel. Ficamos no quarto para casal, com banheiro e cama de 2m x 2m!! Diária a 50 euros. Além de super bacana, o hostel fica na rua Miguel Bombarda, que tem uma concentração muito grande de galerias de arte. E é quase em frente ao Centro Comercial Bombarda que, como eles dizem, é um centro comercial “mas não é um shopping”. Cheio de lojinhas de arte e roupas bacanas.
  • Peter Cafe Sport – O “nosso” cantinho na beira do Douro.
  • Museu Soares dos Reis  –  Junto ao Palácio de Cristal, vale a pena pelo acervo, pelo edifício e pelo jardim
  •  Fundação de Serralves – Fica um pouco longe do centro mas vale super a pena
  • Música (comprar discos) – Dica do Marcio Laranjeira. Rua do Almada ( Rua no centro da cidade do Porto com três boas lojas de vinil, desde raridades até o que há de mais novo. Recomendo a Luie Luie, mas a Lost Underground e a Matéria Prima também são muito boas. Na Rua de Cedofeita tem a CD JOJO, a loja de música mais antiga da cidade em atividade, com um pequeno auditório onde às vezes rolam shows grátis.
  • Diversão Noturna – A Galeria de Paris (rua do centro do Porto Junto ao Clérigos) é um bom centro de diversão desde as 22h até às 03 da manha da cidade. Fomos ao bar  Galeria de Paris, para comer e celebrar o aniversário do Edu. Para quem quer balada, a dica é o Plano B, mais no espirito de boate, super descontraído, com muito boa música até às 6 da manha, e três salas distintas, uma mais lounge, outra rock e a última eletrônica. Já o 77 é uma tasca duvidosa numa perpendicular à Cedofeita, com um ambiente freak, mesas de sinuca e cerveja a 50 centavos de euro. Para completar, Passos Manuel (junto ao coliseu do Porto), que era um antigo cinema, e agora é um espaço de diversão que tem das melhores festas do Porto.
  • Para shows, conferir os blogs: http://amplificasom.blogspot.com/, http://www.istonaoeumafestaindie.blogspot.com e Time Out Porto, apenas em versão impressa (3€)
  • Para a melhor vista – Cruzar para o lado de Gaia. Ponte D.Luis sobre o Porto. Vale a pena.
  • Livraria Lello – A Livraria Lello e Irmão, também conhecida como Livraria Chardron ou simplesmenteLivraria Lello, fica na Rua das Carmelitas, 44, e é uma das mais lindas do mundo. Aqui uma visão de 360 graus. 

Páscoa em Buenos Aires: dicas de passeios

  • IMPERDÍVEL: Mostra fotográfica Bye Bye American Pie. Com curadoria de Philip Larratt-Smith, a mostra explora as transformações da cultura estadounidense dos anos  70 até hoje por meio de obras-chave de seis artistas: Jean-Michel Basquiat, Larry Clark, Nan Goldin, Jenny Holzer, Barbara Kruger e Paul McCarthy. Até o dia 4 de junho, no Malba.
Música campesina
(2011) de Alberto Fuguet. 100′.
Jueves 5 de abril a las 18.00
El año del tigre
(2011) de Sebastián Lelio. 2011′.
Jueves 5 de abril a las 20.00
Zoológico
(2011) de Rodrigo Marín. 68′.
Viernes 6 de abril a las 18.00
Anónimo
(2011) de Renato Pérez. 90′.
Viernes 6 de abril a las 20.00
Mitómana
(2011) de José Luis Sepúlveda. 100′.
Sábado 7 de abril a las 18.00
La vida de los peces
(2010) de Matías Bize. 84′.
Sábado 7 de abril a las 20.00
Quiero entrar
(2011) de Roberto Farías. 67′.
Domingo 8 de abril a las 16.00
Mi último round
(2011) de Julio Jorquera. 90′.
Domingo 8 de abril a las 20.00


  • Exposição fotográficaDuas mostras bacanas, no Teatro San Martin. A primeira chama-se Cortázar – Perec en imágenes: una muestra de Sara Facio y la Asociación Georges Perec, París. A outra, Las 9 de Julio.  Nesse caso, as fotógrafas alemãs Nina Gschlößl e Lucia Tollens fotografaram diversas avenidas chamadas 9 de Julio na Argentina, em diferentes cidades. O resultado parece que ficou interessante. O Teatro San Martín fica na Av. Corrientes 1530.
  • Juan Falu – No projeto Música ao Entardecer, dia 8, domingo, no Palais de Glace. O concerto começa às 18h e é gratuito.
  • Joaquín Sabina y Joan Manuel SerratA dupla oferecerá 18 recitais em Buenos Aires. Sexta-feira é o segundo. Apresentam o concerto Dos pájaros contraatacan, no Luna Park (Bouchard 465). Entradas entre 200 e 800 pesos.
  • Mercado Sabe la tierra – Programa super diferente para o sábado. Ir ao Mercado Sabe la Tierra, na estacão San Fernando do Tren de La Costa. Sao 4o tendas de frutas, verduras, queijos, cereais, paes, ervas, chocolates…enfim, comidinhas deliciosas em geral. Exposição de design sustentável, roupa ecológica, artesanatos.  Deem uma espiada aí abaixo.

Dicas de Lisboa

Além dos passeios que “tem que fazer” e que estão em todos os guias, deixo aqui uma seleção de lugares que gostei em Lisboa.

Pátio interno da casa

  • Restaurante Casa do Alentejo – Passando pela porta a gente não dá nada por este lugar, mas por dentro ele é um escândalo! A casa é um antigo palacete de influência árabe, a começar pelo saguão que lembra direto o Marrocos. O restaurante, no primeiro andar, não deixa por menos. Os preços são bem honestos e a comida farta, com pratos de quase todas as partes do Alentejo. Fica na Rua das Portas de Santo Antão, 58, na Baixa.
  • Esplanada do Torel – Um café que fica no Jardim do Torel, com uma magnífica vista para a Avenida da Liberdade e Miradouro de S. Pedro de Alcantara. A gente chega lá  pelo Campo Santana ou Rua das Pretas, assim como pelo velho elevador do Lavra, a partir do Largo da Anunciada. Ótimo para um brunch de domingo ou fim de tarde.

    Preguiça domingueira e matutina

  • Restaurante  Os Tibetanos – Sei que ninguem vai a Portugal para comer comida tibetana, mas para os vegetarianos deixo a dica. Esse é um dos melhores da cidade. Fica na Rua do Salitre, 117 .  Fecha domingos e feriados.

Delícia de comida

  • Pavilhao Chines – Desta vez a dica foi da Gabi, do Conexão Buenos Aires. Pelo nome esperava uma coisa mais chinesa, mas não tem nada a ver e mesmo assim é muito bom. A gente ficou nesta parte da sinuca (foto abaixo), mas cuidado. É também a área de fumantes e a gente não sabia. Saímos direto para casa para tomar um banho. Melhor ficar na frente. Se você não fuma, claro. Fica no Bairro Alto.

    Perfeito para um drinque

    Perfeito para um drinque

  • Livraria Fabula Urbis – Esta livraria tem o melhor acervo de livros sobre Lisboa, especialmente sobre arquitetura e urbanismo. Fica na Rua de Augusto Rosa, 27, na Alfama.
  • Cafe Zazou – Este cafezinho também fica em Alfama, meio escondido, perto da igreja da Sé (Calcada do Correio Velho, 7). Além de vender umas delícias gastronômicas, é também um lugar onde a gente pode encontrar artesanato português de boa qualidade.
  • Pois, café Também pertinho da Sé e ótimo para uma parada (Rua São João Praca, 95). O espaço nasceu da graça que as proprietárias austríacas acharam à palavra “pois”, que os portugueses não se cansam de dizer. Do antigo armazém de especiarias pouco restou a não ser o teto altíssimo sustentado por três arcos de pedra. As mesas são inspiradas em cidades que lhe dão o nome. A gente sentou na Buenos Aires, claro, que é um recanto com sofás e mesinhas de apoio que nos deram a sensação de estar em casa. O melhor: o lugar é cheio de revistas e livros em diversos idiomas!

    Paradinha estratégica no Pois!

  • Artista plástico Joao MouroAmei a descoberta deste artista plástico que expõe na Galeria 52 ((Rua do Diário de Notícias, 59). Todos os objetos são construídos com materiais desperdiçados pelo consumidor. Difícil escolher apenas uma foto para colocar aqui. Sugiro a todos uma espiada no site dele.

    Dá para morar aqui?

  • Museu do Designe da Moda – Adorei o MUDE que, além de tudo, tem entrada grátis. O acervo do lugar é gigante, mas o espaço é pequeno, o que faz com que a cada seis meses a programação seja alterada. Hoje eles inauguraram uma exposição sobre os designers de moda em Portugal. “Diz-me do que gostas… dir-te-ei quem és” é uma mostra que explora o universo de 22 criadores de moda desde os finais de 1980 até à atualidade. O próprio lugar, um antigo banco, já merece uma visita. Vai para a lista dos imperdíveis.

    Acervo de mais de 2.500 objetos

  • Café Buenos Aires – Em pleno coracao lisboeta e próximo a conhecida Rua Garrett, se encontra um belo representante da gastronomia argentina para quem estiver cansado dos peixes: El Café Buenos Aires. Conto a história: um dia o Edu ficou com saudades de uma bela porcão de flan con dulce de leche e a gente foi lá. É pequeninho e super aconchegante para noites de frio.
  • Antonio Zambujo – Um cantor de fado que eu nao conhecia e foi indicado pelo nosso anfitrião em Lisboa.
  • Para curtir e ser feliz – O nosso ape em Lisboa, alugado pelo Airbnb. O proprietário, o Jorge, e a companheira dele, a Daniela, nos receberam tao bem que ficamos amigos. Além do lugar ser uma graça, tem um terraço de tirar o folego.

Para matear no fim da tarde. Sim, a gente levou o mate!

Vitrola portuguesa

A divulgação vem assim: Miúda – A banda sonora para ouvir no descapotável a caminho da praia.

Então alguem pode, por favor, me comprar um “descapotável” já??

Enquanto isso, fiquem com um dos novos nomes do rock português.

“Eu durmo com quem eu quero e faco o que me apetece com quem eu quero aquilo que eu quero fazer”

Cartas de Baires: Os cronópios saem em viagem!


“Y sueñan toda la noche que en la ciudad hay grandes fiestas y que ellos están invitados”

Hoje, quando vocês lerem esta coluna, já estarei longe, na terra de Fernando Pessoa. Mas sigo com o espanhol na mala.

Pretendo reler “Historias de Cronópios e de Famas“, um dos meus livros preferidos do autor argentino Julio Cortazar (1914-1984) e uma obra que completa 50 anos desde sua primeira publicação.

O texto foi escrito em Roma e Paris, entre 1952 e 1959, e editado somente em 1962.

Oferece uma espécie de reinvenção do mundo através de seus personagens: os “cronópios”, os “famas” e as “esperanças”, que alcançam sensibilidade e fascínio na medida em que traduzem a psicologia humana. É super cortaziano.

Os cronópios, segundo Cortázar, são seres verdes e úmidos, inteligentes, desprendidos, um pouco esquecidos, artísticos, poéticos, cantantes e desordenados. Gostam das cores azul e verde.

Eles cantam como as cigarras, indiferentes ao cotidiano, esquecem tudo, são atropelados, choram, perdem o que trazem nos bolsos e, quando saem em viagem, perdem o trem, chove a cântaros, levam coisas que não lhes servem. Mas não desanimam.

“Los cronopios no se desaniman porque creen firmemente que estas cosas les ocurren a todos, y a la hora de dormir se dicen unos a otros: La hermosa ciudad, la hermosísima ciudad. Y sueñan toda la noche que en la ciudad hay grandes fiestas y que ellos están invitados. Al otro día se levantan contentísimos, y así es como viajan los cronopios”.

Os famas, pelo contrário, são organizados e práticos, prudentes, fazem cálculos e embalsamam suas lembranças; quando fazem uma viagem, mandam alguém na frente para verificar os preços e a cor dos lençóis. Eles nunca falam sem ter certeza de que suas palavras são as apropriadas, temerosos de que as esperanças (sempre alertas) deslizem pelo ar e por uma palavra equivocada invadam o coração bondoso do cronópio.

As esperanças, um meio termo entre os dois, “são sedentárias e deixam-se viajar pelas coisas e pelos homens, e são como as estátuas, que é preciso ir vê-las, porque elas não vêm até nós”, ao contrário dos cronópios e famas que gostam de viajar.

As esperanças se irritam quando vêem os famas bailarem trégua ou catala, pois elas, tais como os cronópios, dançam espera.

Quem quiser escutar o próprio Cortazar lendo o texto em que os cronópios saem em viagem, é só entrar na página Audiovideoteca da Cidade de Buenos Aires. Um espaço virtual que é um tesouro, uma mescla de centro de produção audiovisual com arquivo, dedicado à preservação e difusão da cultura argentina contemporânea.

Na audioteca é possível escutar, por exemplo, a Rodolfo Walsh lendo o Capítulo 23 de Operação Massacre, ou a Juan Jose Saer recitando A Arte de Narrar. Entre os escritores contemporâneos, há entrevistas em vídeo com Fabián Casas ou Leopoldo Brizuela, para citar alguns. Coisa para manter a gente entretida por horas.

Um bom cronópio, como diz Cortazar, sempre esquece o essencial e mesmo assim tem que sentar em cima da mala para fechá-la! Mas nunca deixa em casa o caleidoscópio, que serve, entre outras coisas, para descobrir “os seus”. Uma espécie de “prova-cronopios”, que será, obviamente, testado entre os lisboetas.

 

Texto no Noblat, AQUI.