Para anotar na agenda

Rodolfo Mederos toca todas as sextas-feiras e sábado de setembro no Torcuarto Tasso.

Façam suas reservas AQUI. Na lista dos imperdíveis forever.

Cartas de Baires: Tristeza de um doble A (II)

 

Foto Gisele Teixeira (Bandoneonista Ciudad Baigón)

A Argentina celebra o Dia do Bandoneon, amanhã (11), com uma notícia triste: o roubo de instrumentos não para de crescer.

A vítima mais recente foi o músico Nestor Marconi, um dos mais importantes do país e diretor da Orquestra de Tango da Cidade de Buenos Aires, que teve a casa assaltada no final de junho e perdeu dois de seus quatro “foles” preferidos.

Ambos tinham sido feitos na fábrica alemã de Alfred Arnold, produtora dos famosos Doble A (os Stradivarius do tango), que deixaram de ser fabricados em 1949 e por isso são tão cobiçados e valiosos.

Outro músico, Norberto Vogel, também teve seus quatro instrumentos roubados em novembro de 2011. Ele recebeu um chamado de uma pessoa pedindo aulas de bandoneon e não desconfiou de nada. No final da classe o tipo o ameaçou com uma arma, o amordaçou e levou um DobleAA negro, um Doble AA nacarado, um Premier nacarado e um Germânia art deco marrom.

O problema da escassez de bandoneons não é novo. Mas os roubos, sim, são uma novidade.

Estima-se que existam apenas 60 mil bandoneons em todo o mundo, sendo que apenas 20 mil devem estar na Argentina e somente uns dois mil em condições de uso. É uma espécie em extinção.

Há novas fábricas na Europa, mas com instrumentos que produzem sons diferentes, e que chegam a custar mais de sete mil euros, uma quantia exorbitante para um portenho. Não há fábricas nacionais.

Diversas peças foram vendidas para europeus e japoneses, inicialmente nas décadas de 1970 e1980, quando o tango estava em baixa na Argentina. E mais recentemente após a crise de 2001.

Já os roubos especula-se que aumentaram após a sanção da lei de proteção e promoção do bandoneon pelo Congresso argentino, em 2009. O texto proibia a saída do território nacional de todos os instrumentos de mais de 40 anos, exceto aqueles levados por seus próprios donos em apresentações artísticas.

Criava, ainda, um cadastro para facilitar sua identificação em caso de venda, roubo e extravio, e dava prioridade de compra ao governo quando houver interesse de comercialização.

A lei não “pegou”, não sei por quê. Mas alertou muita gente sobre o valor dos instrumentos, que podem chegar a mais de US$ 6 mil.

Após cada roubo, os profissionais difundem fotos e modelos dos bandoneóns perdidos nas redes sociais, bem como seus números de série. Mas estes, por estarem gravados na madeira, podem muito facilmente serem apagados. Uma pena. Provavelmente os instrumentos nunca serão encontrados.

Fica uma tristeza, só diminuída pela audição de uma das minhas novas descobertas: Dino Saluzzi, um bandoneonista com forte influencia jazzística, que compartilho com vocês.

Deixo vocês com um ótimo documentário sobre a história do bandoneón na Argentina.

Tristeza de um Doble A (I).

Dica para as quartas de julho

O bandoneonista Walter Rios toca todas as quartas-feiras deste mes no Notorios. Entrada a 70 pesos. Imperdible.

 

Tango e Jazz – Im-per-di-ble!

Já tem uns meses que o Torquato Tasso está com uma programação estupenda. Mas agora em agosto eles vão arrasar.

Nos finais de semana dos dias 20 e 27 eles apresentam o bandoneonista Rodolfo Mederos (o meu preferido e um dos melhores do mundo), que irá dividir a noite com Walter Malosetti. Dois shows por 80 pesos. Uma bagatela tendo em vista a estirpe dos músicos. Se puderem, não percam!!

No final de semana que começa hoje, assim, bem chuvoso, o Tasso está com Lídia Borda e Jazz Mariano Otero, os dois também muito bons. A programação toda está AQUI.

É imprescindível fazer reserva.

Com vocês, Mederos e suas Merceditas.


El último bandoneón

O Último Bandoneón, de Alejandro Saderman, conta a história do tango por meio da história de Marina Gayoto, uma musicista que toca nas ruas e no metrô de Buenos Aires. Ela participa de um teste para integrar a orquestra de Rodolfo Mederos, renomado maestro e compositor argentino, um craque que tocou com Piazzolla e dele herdou a arte e seu próprio instrumento.

Marina é uma boa musicista, mas o seu instrumento é velho demais. Mederos sugere que ela encontre algo melhor. A moça começa sua jornada em busca de um Double A — uma espécie de Stradivarius dos bandoneóns, tamanha a sua qualidade. Mas encontrar um não é nada fácil, uma vez que deixaram de ser produzidos desde o início da Segunda Guerra.

A busca de Marina é apenas o princípio de uma jornada pelos sons e histórias do tango. O encontro com músicos de diversas gerações confere a densidade a “O Último Bandoneón”.

Muitos deles vivenciaram a época de ouro do tango, nas décadas de 1930 e 1940. Assim, o diretor Alejandro Saderman traça um painel social e cultural da música e a sua relação com a sociedade argentina.

Entre os entrevistados está um grupo de músicos veteranos, Gabriel Clausi, Marcos Madrigal, Luis Masturini, Miguel Mastantuono e Luis Aníbal, que se reúnem todos os finais de semana e homenageiam antigos maestros do tango.

Uma delícia de filme e foi lançado em DVD no Brasil. Dá uma espiada no trailer:

Tristeza de um doble A

Detalhe de um “Doble A", o Stradivarius dos bandoneons

O bandoneon, instrumento símbolo do tango, está desaparecendo da Argentina, país em que começou a desembarcar no final do século 19, trazido por imigrantes alemães. Dos 60 mil instrumentos existentes em todo o mundo, apenas 20 mil devem estar no país, sendo que desse total estima-se que somente 2 mil estão em condições de uso. Muitos deles foram transformados em dinheiro, vendidos para europeus e japoneses durantes as sucessivas crises econômicas. Para frear essa fuga de foles, o Congresso argentino sancionou este mês uma lei de proteção e promoção do bandoneon. Mais detalhes na coluna CARTAS DE BUENOS AIRES de hoje, no blog do Noblat.

Meias

Imagem 190

FOTO DO DIA: Carla Algeri (bandoneonista), durante o espetáculo El Penúltimo Tango, hoje, ao meio dia, no Hall do Teatro San Martin.