Buenos Aires ganha Museu do Humor

Uma boa notícia para começar o fim de semana: a abertura do mais novo museu portenho, o MUHU – Museo del Humor.

A inauguração será amanha, sábado, às 16h, no edifício da cervejaria Munich, na Costanera Sur. O espaço chega com duas mostras: Humor Gráfico Argentino: su historiaCarlos Garaycochea, humor en colores. 

A companhia francesa  Les Plasticiens Volants recorrerá os arredores com uma Mafalda de 10 metros, acompanhada por  Babel Orkesta. Além disso, estará presente o grupo de rock infantil Heavysaurios (!!).

O patrimônio do Museu abarcará dois séculos humor gráfico argentino, desde o século XIX, com o humor de costumes de Peinetones de Bacle e os ácidos desenhos dos jornais El Mosquito e Don Quijote, passando por obras de grandes caricaturistas e ilustradores das primeiras décadas do século  XX (Cao, Sirio, Zavattaro, Málaga Grenet e outros) que desenvolveram seu ofício em Caras y Caretas, Fray Mocho, Plus Ultra, El Hogar.

Depois, passa pela chamada Idade de Ouro, ao redor da segunda metade do século XX, quando muitos dos grandes desenhistas se converteram em editores de revistas que marcaram época, como Dante Quinterno com Patoruzú e Guillermo Divito com Rico Tipo. Logo, Landrú com Tía Vicenta e Andrés Cascioli com Satiricón y Humor. E chega até a atualidade, com humoristas como Quino, Ferro, Mordillo e Carlos Nine.

Está presidido por uma comissão de cinco notáveis: Quino, Garaycochea, García Ferré, Sábat e Mordillo, que serao os responsáveis por desenhar a política cultural do espaço.

Melhor do que rir dos argentinos é rir ‘com’ eles

Vim para o Brasil este final de ano com a mala cheia de quadrinhos argentinos, o presente oficial do Natal 2010 aqui em casa. Mas na verdade nem precisava ter trazido muita coisa de Buenos Aires.

A Zarabatana Books (vou fazer propaganda porque eles merecem!) está publicando em português as melhores tiras dos hermanos.

Além de três coletâneas do mundo Macanudo, criado por Liniers, eles traduziram recentemente o trabalho do Tute. A mesma editora deve lançar em breve Noturno, “graphic novel” de Salvador Sanz, e ainda Fierro Brasil, versão nacional da revista que impulsionou a HQ argentina nos anos 80 e que, após um intervalo de 14 anos desaparecida, voltou a ser publicada em 2006 junto ao jornal Página 12.

Agora falta pelo menos Rep, que adoro.

Mais sobre quadrinhos argentinos no Cartas de Buenos Aires de hoje, no Noblat. O texto completo está AQUI.

Um 2010 criativo e bem humorado

Uma das belas descobertas desse ano foram os quadrinhos argentinos. O humor daqui é demais! Entre meus desenhistas preferidos estão Liniers, Rep e Tute. Já falei deles aqui no blog, mas ontem fiz uma seleção no capricho para vocês explorarem com calma agora nesses dias de vacaciones.

Se nao der para ler bem alguma tira é só clicar em cima para ver maior.

Liniers (abaixo) desenha as tiras Macanudo, Bonjour, Posters e ainda uma que amo que se chama Cosas que te pasan si estas vivo. Publica diariamente no jornal La Nación. Difícil escolher apenas um ou duas tiras pare publicar aqui. Deixo então o site oficial dele para que vocês naveguem com calma e também outros dois blogs que ele mantém. O AutoLiniers e o Macanudo Liniers.

Também amo o Rep, principalmente o personagem Gaspar, que está sempre no diva, e Culpo, um polvo enorme e perverso que atordoa Gaspar aos domingos no Pagina 12. Ele tem uma página oficial e um blog com tiras.

Por fim, sugiro uma espiada no site ou no blog do Tute, que também é muito bom.

Adorei

na40di01Há mais Rep em: www.miguelrep.com.arwww.miguelrep.blogspot.com

Para se “finar de rir”

Para ilustrar esse post, nada melhor que o Macanudo. Para quem não sabe, um personagem clássico do cartunista gaúcho Santiago. Quem quiser rir um pouco mais é só clicar no TINTA CHINA, o site da Grafar, uma associação aberta de cartunistas, chargistas, caricaturistas, ilustradores e quadrinistas gaúchos.

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ABRIR – Sair fora, cair fora: comum no convite que se faz, quando parece estar na hora de sair do lugar, “Vamo abrir?”. Mais raramente, fugir. “Abrir o tarro” significa chorar, berrar, reclamar. “Abrir a goela” ou “os peitos” quer dizer cantar. “Abrir o jogo” é sinônimo de falar às claras, desvendar implícitos; neste caso também se diz simplesmente “abrir”. Diferente de “se abrir” (v.).

A FUDER –  Pela ortografia brasileira deveria grafar-se “a foder”, mas é “a fuder” a expresão, que tem uma forma contrata, “a fu”, que também se diz, malandramente segundo o critério popular, “a fuzel”; designa aquilo que é muito bom, de alta qualidade, tanto uma situação (“Tava uma festa a fuder”) quanto um sujeito (“Bá, esse cara é a fuder”); também quer dizer a fazer (v.).

ADEUS, TIA CHICA – Forma de declarar que deu pra bolinha (v.) do que quer que seja, definitivamente, para nunca mais. “Se a gente conseguir a grana, aí adeus, tia chica”, por exemplo. Pode ser usada como comentário tanto de horrores como de maravilhas.

ATACAÇÃO – Estado alterado da mente e/ou do sentimento. Mães, por exemplo, ficam numa atacação quando tentam impor certa ordem e não conseguem sucesso.

A TROCO? – O mesmo sentido de por quê?Para quê? Derivou, por encolhimento, da expressão a troco de que santo”. É usada assim mesmo, a seco. “Tu quer que eu vá lá? Mas a troco?”

A COISA É FEIA E VEM SE DEBRUÇANDO – Diz o Fischer que essa foi criada pelo Sérgio Jacaré, quando descrevia uma situação ruim tendendo a pior. Ótima!

BEM NESSAS – Expressão de concordância com os termos de algo dito antes. “Quer dizer que além de tudo tu ainda perdeu o dinheiro? Bem nessas.”

CAPAZ – Resposta negativa sintética, de alta expressão e de grande uso. Usada, não sei por quê, especialmente por mulheres (acho eu). ‘Tu vai lá?’, responde a moça, entre o espantada com a pergunta e o indignada com a mesma coisa : ‘capaz’. E depois, na fala, não tem nem ponto de exclamação, é ponto final mesmo. Deve ter-se originado de uma pergunta de resposta a uma pergunta; no caso aí de cima, a resposta da moça, por extenso, seria algo como ‘então tu achas que eu seria capaz de ir lá?’

CHEGAR – Por mais paradoxal que possa parecer, chegar é sair. Alguém que está indo embora diz: “Bom, pessoal, vou chegar”.

CHISPAR – Sair muuuuito rápido. Normalmente mães irritadas dizem assim para as crianças: “chispa daqui!”

CUTUCO – Usa-se muito “sentir o cutuco”, perceber a gravidade da situação. As vezes vem em forma de pergunta: “Sentiu o cutuco?”

É MAIS JOGO – Expressão de aprovação a uma hipótese, entre duas ou mais. “É mais jogo ir pela Bento que pela Ipiranga”

GALETO – Guria nova (galetinho)

UÉ, SAI – Frase proferida para expressar rejeição ao que se apresentou. O filho diz para o pai que já está saindo e vai levar o carro. O pai diz: “Ué sai”, significando “Quem foi que disse que eu estou de acordo?”

A vizinha chega dia 30

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A menina fanática pelos Beatles, que sonhava com a paz mundial e odiava sopas voltará a sentar-se na porta de sua casa no próximo dia 30. E a porta dela é quase do lado da minha!!! Isso mesmo. Serei praticamente vizinha de Mafalda, a personagem criada pelo desenhista Joaquín Lavado, o “Quino”. Nessa data, vão inaugurar uma estátua em tamanho natural da chica filósofa na calle Chile 371, em San Telmo. No último final de semana, o escultor Pablo Irrgang mostrou como será a réplica da garota (FOTO).

Quando desenhou Mafalda, na década de 60, Quino vivia nesse edifício, no 10º andar. O desenhista retratou seu edifício tal e qual era, com o detalhe da maçaneta de bronze no portão de entrada, registrado em vários quadrinhos no qual Mafalda está sentada, no degrau da frente. Recorrer o bairro hoje é como meter-se nas tiras  – percorrer as ruas de paralelepípedo por onde andava o velho Citroen, visitar o kiosko de jornais de Don Jorge (que ainda está intacto, embora com outro dono), as senhoras com seus carrinhos de compras (eu também tenho o meu changuito!) e o mítico armazén “Don Manolo”.

Originalmente, Mafalda foi criada para ser a garota-propaganda de uma marca de eletrodomésticos. Mas adquiriu vida – e tirinha – própria: Em suas histórias atacava os conflitos bélicos, a Guerra Fria, o consumismo, a pobreza, o totalitarismo e a violência policial. Dizem que é o cartum mais famoso do mundo. Infelizmente, Mafalda não aparece em novas histórias desde 1973. Ficamos com as tiras antigas, então, que continuam geniais.
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Mais sobre Mafalda AQUI, inclusive alguns vídeos

Página oficial de QUINO

Vídeo com depoimentos dos vizinhos