Buenos Aires me emociona

Sábado tivemos aqui a Noite das Livrarias. Corrientes fechada para carros, sofás no asfalto, um multidão na rua. Lojas abertas até de madrugada para vender…cultura.

O que vi por lá: mesinhas jogar Palavras Cruzadas, campeonato de xadrez, criação literária ao vivo com DJ inspirando o escritor, um montão de artistas pintando um muro para incentivar a leitura, Zivals lotada em dia de calor com ar condicionado pifado, Horacio Ferrer bem no meio da minha foto da vitrine do Gato Negro.

Essa Buenos Aires só apronta….

Este slideshow necessita de JavaScript.

Borges leitor

A partir de hoje a Biblioteca Nacional (Agüero 2502) expõe pela primeira vez parte da coleção de Jorge Luis Borges, integrada por livros doados pelo escritor à instituição que dirigiu por 18 anos. Este conjunto reúne exemplares que possuem notas manuscritas de Borges e de seu circulo íntimo que permitem reconstruir o processo de leitura e seguir as “pegadas” do escritor.

“As anotações destes livros deixados por Borges também mostram persistências que sustentou durante décadas. Volta a alguns autores e obras, rastreia os mesmos temas filosóficos: a Divina Comedia, o eterno retorno, o infinito, o budismo, a cabala, textos de religião lidos como tratados de ciências ocultas e magia. Todo o que permite pensar o paradoxo, que é a grande figura borgeana”, afirmou Beatriz Sarlo no catálogo que acompanha a exposição.

Nos dias 24, 25 e 26 de agosto se realizarão as primeiras Jornadas Internacionais Borges Leitor, que contarão com a participação de Daniel Balderston, Iván Almeida, Alberto Rojo, Alfonso de Toro, Carlos Gamerro, Guillermo Martínez, entre outros.

COSMÓPOLIS. BORGES Y BUENOS AIRES

A casa de Cultura (Av. de Mayo 575 –  Subsolo) também está com uma ótima exposição sobre Borges, chamada COSMÓPOLIS. BORGES Y BUENOS AIRES.

É um passeio pela evolucao literária do escritor, com o olhar posto em como o autor passa de um cenário preciso (Buenos Aires) a um cidade universal.

Vou visitar as duas esta semana e depois conto aqui.

Um tesouro para fanáticos de Cortázar

Na edição de Evaristo Carriego, um comprovante de pagamento de excesso de bagagem

Buscando ilustrações para o post anterior encontrei um link de literatura do Instituto Cervantes, totalmente dedicado aos livros de Cortazar. É um primor.

A história é a seguinte: Aurora Bernárdez, viúva e herdeira universal do escritor, doou em 1993 à Fundação Juan March toda a biblioteca pessoal de Cortázar.

São mais de 4 mil volumes que estavam na casa da rua Martel, em Paris. Livros de arte, antigas edições de clássicos, livros de poesia em inglês e frances, dicionários, obras de consulta.

Nesse site do Cervantes vocês encontrarão a exposição virtual chama Los Libros de Cortázar, reunida e comentada por Jesús Marchamalo, a pedido da Funcación Juan March, que diz muito sobre a personalidade, gostos, afinidades e amizades literárias do escritor argentino.

No recorrido, encontramos anotações em livros, objetos que por anos ficaram guardados dentro de alguma obra, dedicatórias, marcadores de paginas, notas carinhosas. Detalhes de aparência pequena que revelam muito mais do que parecem sobre essa grande figura das letras universais.

Para “cortazianos” fanáticos como eu, é um verdadeiro achado.

Quierooo!!

Desenho encontrado dentro de livro de Rilke

A Editorial do Tango

Para os amantes do tango, deixo uma dica na Feira do Livro de Buenos Aires: a editora Corregidor. É a que tem o maior numero de publicações sobre o tema. A principal coleção chama-se História do tango, elaborada por mais 150 historiadores e especialistas, e que já anda pelo tomo 19. Mas há uma variedade enorme de títulos sobre lunfardo, difusão do tango em diferentes países, tango terapia, como ensinar tango para crianças, e biografias de nomes da dança e musica como Gardel, Piazzolla, Homero Manzi,Juan Carlos Copes, entre outros.

O catálogo de livros de tango pode ser descarregado AQUI.


Che para crianças

Um livro para crianças está causando polêmica na Argentina.

É uma obra que conta a história de Che Guevara para pequenos menores de 12 anos. O texto foi publicado pela editora La Marca, de Guido Indij, uma pessoa bárbara que só leva a adiante projetos bacanas. É dele, por exemplo, o Guia de Livrarias e o Argentina Graffiti.

Indij e Constanza Brunet , sua sócia, são os autores do livro que se chama Che – La Estrella de um Revolucionário. As ilustrações foram feitas por um artista sul coreano chamado Ju Yun Lee, descoberto por Indij na Feira do Livro de Frankfurt.

O livro se divide em duas partes: a primeira narra a história de Che Guevara como um conto, combinada com suas frases mais célebres. A segunda consiste em uma biografia destinada a crianças de mais idade, professores e pais.

“Obviamente la historia del Che tiene mucha violencia, de hecho él termina asesinado, era como bastante fuerte y nos pareció que en la parte del cuento había que hacer focos en los motivos de su lucha. Todo aquello por lo cual trascendió en todo el mundo, no sólo en Latinoamérica”, describió a respecto la autora.

Indij afirma “o livro é um pouco revolucionário e vanguardista” e deve fazer parte das bibliotecas escolares do país, já que foi selecionado em concurso feito pelo Ministério da Educação, o que vai aumentar ainda mais a polemica. A obra é a primeira da coleção “La Marca Terrible” e a história de Evita pode ser uma das próximas a ser editada.

Talvez com a publicação deste livro muitas crianças possam saber quem foi Che antes de vê-lo estampado em uma camiseta.

Apenas por isso já acho a iniciativa ótima.

 

A nova biografia de Cristina

Não é de hoje que o casal Kirchner anima a indústria editorial argentina.

Desde 2003, quando foi editado “Néstor Kirchner. Un muchacho peronista y la oportunidad del poder”, de Valeria Garrone e Laura Rocha (2003), a dupla garante bom dinamismo ao mercado livreiro.

Sobre o ex-presidente há pelo menos uma dezena de títulos nas prateleiras. Agora chegou a vez “dela”.

O último ti-ti-ti do mercado é o lançamento de uma biografia não autorizada da presidente Cristina Kirchner.

Batizado de “Cristina: de legisladora combativa a presidente fashion”, o livro é assinado pela escritora e jornalista Sylvina Walger, mesma autora de “Pizza con champán”, um best-seller sobre o polemico ex-presidente presidente Carlos Menem (1989-99).

Trechos da obra foram publicados na revista Notícias neste final de semana e revelam, entre outras intimidades, que Cristina levou um safanão do marido durante a crise agrícola, em 2008.

Além disso, aparece como uma mulher déspota, caprichosa, apaixonada pelo luxo e, aos 57 anos, obcecada com a aparência.

Leia mais no Cartas de Buenos Aires, no Noblat.

Intrigas da gastronomia argentina

Na coluna Cartas de Buenos Aires de hoje falo um pouco sobre o livro “Los Sabores de La Pátria”, do jornalista Victor Ego Ducrot, que conta as intrigas de 200 anos de historia Argentina a partir de panelas e receitas.

Há umas coisas loucas:

“A veces mataban a un animal para engullir sólo el matambre, la lengua o los caracúes. Otras, le sacaban el vientre o mondongo con toda la grasa que se junta a su alrededor y le prendían fuego, y cuando éste estaba bien encendido lo metían ardiendo dentro de la vaca despanzurrada, y así la dejaban, durante dos días, hasta que el animal se asase desde sus entrañas”.

Ui!

Mas achei particularmente interessante a influencia do peronismo na difusão do assado e das batatas. E também a história da Doña Petrona C. de Gandulfo, uma cozinheira famosa, cujo livro de receitas já vendeu tanto quando a Bíblia. Segundo uma pessoa da Biblioteca Nacional, também era o livro mais roubado por lá.

Aliás, daqui a pouco, as 21h, no canal Utilíssima, começa um remake do programa que Doña Petrona teve por 30 anos na televisão, só que numa versão mais moderna, claro, e conduzido por Narda Lepes, a darling dos programas de gastronomia da teve a cabo.

O texto completo está AQUI.

O blog do Víctor Ego Ducrot, com outras histórias e comidas, se chama EL COCINOLOGO.

Há também uma boa matéria sobre o livro no site MDZ On Line.

Para colecionar…e ler, claro

Paul_Auster

Desde a semana passada, ao comprar o jornal Página 12 e pagar mais 9 pesos (menos de 5 reais), dá para levar para casa um excelente livro.

É uma promoção para comemorar aos 40 anos da editora Anagrama. Divulgo aqui por que tem muita gente que não compra normalmente esse jornal, mas essa iniciativa vale a pena. O primeiro “colecionável” foi La habitación cerrada, novela que encerra  a Trilogia de Nova York, de Paul Auster.

Mas deem uma espiada em quem mais vem por aí:

César Aira (Váramo), Pedro Almodóvar (Patty Diphusa), Martin Amis (Visitando a Mrs. Nabokov), Mario Bellatín (Damas chinas), Roberto Bolaño (La universidad desconocida -fragmentos), Hanif Kureishi  (Mi hermosa lavandería), Ian McEwan (Primer amor, últimos ritos), Amélie Nothomb (Cosmética del enemigo) e Alan Pauls (Historia del llanto), entre muuuuitos outros.

Rumo a feira do livro de Santiago

santiago-de-chile

Ando na corrida, por isso não postei nada nos últimos dias. Passei uma semana no Rio de Janeiro e, como vocês podem imaginar, praia e blog não combinam…

Mas para amanha prometo duas matéria especiais que estão quase prontas: uma sobre casas de tango e outra que chamei de poemas ilustrados – são poemas do Nicolas Behr, poeta de Brasília, com fotos minhas.

Quinta-feira parto para Santiago do Chile, para acompanhar a feira do livro, que este ano tem a Argentina como país homenageado. Os escritores Carlos Fuentes, do México, e o argentino Juan Gelman estão entre os que quero conhecer pessoalmente. Mas há muito mais, como os espanhóis Vicente Molina Foix e Ray Loriga, os brasileiros Emir Sader e Rubem Fonseca, o colombiano Santiago Gamboa e o nicaragüense Miguel D’Escoto. A programação está show.

A delegação argentina inclui, por exemplo, César Aira, Rodolfo Fogwill, Damián Tabarovsky, Paula Varsavsky, Eduardo Rubinschik e Fabián Casas, entre outros. Além disso, María Kodama, a viúva de Jorge Luis Borges, fará uma conferencia especial e trará de Frankfurt uma coleção de fotografias e obras do autor de “El Aleph”, “Ficções” e “Historia Mundial da Infâmia”.

Atualizações literárias

arquero

“Conocía lo suficiente a Christa para saber que ignoraba el significado de la palabra : sin embargo, se habría muerto antes de preguntármelo. Era, no obstante, la palabra más simple: la arqueada es el alcance de un arco, del mismo modo que la zancada es el alcance de una pierna y la pisada el alcance de un paso. Ninguna palabra tenía tanto poder de ensoñación sobre mí: contenía el arco tensado hasta el punto de romperse, la flecha y, sobre todo, el momento sublime de soltar la cuerda, el surgimiento de la flecha surcando el aire, la tensión hacia el infinito, y ya el declive caballeresco, puesto que, pese al deseo del arco, su alcance será finito, mensurable, impulso vital interrumpido en pleno vuelo. La arqueada era el avance por excelencia, el nacimiento hasta la muerte, pura energía consumida en un instante.”

Acabo de ler Antichrista, de Amélie Nothomb, uma escritora belga meio rara, e por isso mesmo muito interessante. É a segunda obra que leio dela. A primeira foi em português, há muito tempo, e se chama As Catilinárias. Lembro que na época fiquei muito perturbada pelo humor negro e crueldade da hstória. Para quem quiser saber mais sobre Nothomb, há um artigo recente muito interessante, sobre ela, no Página 12. É só clicar AQUI.