Mundial de tango: começa na terça!

El Arranque tocando com Kevin Johansen, Pipi Piazzolla mostrando os novos arranjos para As Quatro Estações Portenhas criadas pelo avô, exposição com mais de 250 fotos,  partituras e objetos pessoais de Piazzolla; “rave milongueira”, encontro de colecionistas de discos de tango, aulas com grandes milongueiros e com os campeões dos festivais anteriores durante duas semanas!!

Gente, se eu não aparecer por aqui vocês já sabem onde me encontrar nos próximos 15 dias.

 

Destaques deste ano:

Leopoldo Federico, María Nieves, Horacio Lavandera, Osvaldo Berlingieri, “Pipi” Piazzolla, Néstor Marconi, Daniel Melingo, Walter Ríos, Adriana Varela, Franco Luciani, Fernando Suárez Paz, Julia Zenko, Pedro Aznar, Sexteto Mayor, Gloria y Eduardo, Horacio Molina, Luis Salinas, Ana María Stekelman, Guillermo Fernández, Orquesta Típica El Porvenir, Luis Filipelli, Raúl Garello, Melina Brufman, Tanghetto, Campeones Mundiales de Baile, Gabriel Senanes, Pablo Agri, Mono Izarrualde,  Juan Carlos Copes, El Arranque, Kevin Johansen, José Colángelo, Ernesto Baffa, Raúl Lavié, Juan Carlos Godoy, Horacio Ferrer, Atilio Stampone e Chicho Frúmboli.

Mundial de Tango – como conseguir entradas

Foto Gisele Teixeira

O Mundial de Tango, que começa dia 14 e segue até 28, é dividido em duas partes. A primeira semana é mais forte na música. A segunda, na dança. Mas desde o princípio rolam as duas coisas. É muita atividade, muita informação, a maioria concentrada a partir das 17h, no Centro de Exposições. Vou tentar destrinchar tudo aqui, esta semana. Começando pelas entradas.

  • Para os concertos no Centro de Exposições, Parque Centenário e Teatro Regio NÃO PRECISA DE ENTRADA. Para as classes de tango, TEM QUE SE INSCREVER MEIA HORA ANTES DA ATIVIDADE. Mas garantir lugar, melhor chegar uma hora antes, senão não adianta. A procura pelas classes é enorme e este ano elas estão maravilhosas.
  • Para os concertos na USINA DEL ARTE, as entradas serão distribuíudas da seguinte forma:
  1. Para a abertura, dia 14, com a Orquesta Típica Sub 25 (vídeo abaixo): As entradas serão sorteadas pela rádio 2×4 FM 92.7, e pelas redes sociais (Facebook y Twitter) de Festivales de Buenos Aires, Agenda Cultural e Gobierno de la Ciudad.
  2.  Para os “Acústicos de la Usina del Arte” as entradas serãoo entregues no mesmo dia dos espetáculos, às 14h para os shows das programados até às 17h30. E às 17h para os shows que acontecem depois das 18h. Se pode retirar 2 duas entradas por pessoa para cada espetáculo.
  • Para as Festas, Milongas, Conciertos Exclusivos e Panorama não é necessário retiro prévio de entradas.
  • Para o TEATRO COLÓN, as entradas serão entregues no sábado, 18, a partir das 11h, no Centro de Exposições. Duas por pessoa, no máximo.
  • Para o LUNA PARK (FINAIS DE TANGO SALAO E CENÁRIO), as entradas serão entregues segunda-feira, dia 20, a partir das 11h, no CENTRO DE EXPOSIÇOES, até esgotar a capacidade de 10 mil pessoas. Duas por pessoa, no máximo. No último ano cheguei às 9h da manhã e a fila já estava monstruosa. Levem mate, cadeiras, revistas.

 

 

A Orquesta Sub 25 reúne a geração mais nova de músicos de tango. Com uma produção especial dirigida por Pablo Agri, interpretará novos tangos instrumentales e convocará, como homenagem, a Ernesto Baffa, célebre bandoneonista e compositor que integrou as orquestras de Troilo, Salgán e Stamponi, entre outras. Um verdadeiro cruze geracional que se manifestará também na dança, com Chicho Frúmboli e Juana Sepúlveda, Melina Brufman e Claudio González –que farão uma intervenção na obra de Leandro Erlich, montada na nave central da Usina. para fechar, Juan Carlos Copes e Johana Copes.

Rent a Local Friend Tangueiro!

Prática mensal de sábado do estúdio Tango & Tango

Quem acompanha o blog sabe que recebo visitantes em Buenos Aires, de maneira personalizada, pelo Rent a Local Friend.

A novidade é que em agosto, mês do Mundial de Tango, estréio o meu RLF TANGUEIRO, uma versão de passeio mais focada para quem está começando a dançar ou quer conhecer a capital argentina sob este ponto de vista.

Normalmente sempre me pedem dicas de aulas e milongas no blog e vou continuar indicando as minhas preferidas, gratuitamente, não se preocupem!.

A idéia é complementar esse trabalho com um assessoramento mais intenso que inclua, por exemplo, uma conversa sobre etiqueta milongueira (para quem não sabe, claro) e elementos fundamentais da dança (abraço e caminhada), antes dos passeios, que serão montados de acordo com o interesse de cada um e podem incluir:

Recorrido por lojas de roupas e sapatos

– Visitas a lugares tangueiros clássicos (em Boedo e Almagro, por exemplo)

– Lojas de sapatos e roupas

– Assessoramento e acompanhamento em classes privadas e grupais

– Acompanhamento em milongas

Apta a dar aulas em um ano e meio!

Não sei se todos sabem, mas estou na metade do segundo ano do Centro Educativo de Tango (CETBA), também conhecido como Universidade do Tango, uma escola de formação de professores de tango (Dança e História), ligada ao governo da cidade de Buenos Aires. A formação é gratuita e de três anos, com aulas todos os dias, das 19h às 22h.

Também faço um estágio no Hospital de Clínica de Buenos Aires na Oficina de Tango para pacientes com Parkinson.

Além do curso mais extenso, de três anos, o CETBA oferece várias oficinas e classes abertas à comunidade, como classes de Tango para Principiantes, Tango para Crianças, Valsa,  Canto e Interpretação, Tango e Cinema, Psicologia Social e Tango, Preparação Física e Correção Postural, Antropologia e Tango e Danças Folclóricas entre outros. TODOS SÃO GRATUITOS. A grade de horários está AQUI e quem quiser pode se integrar agora no segundo semestre.

Todas as primeiras sextas-feiras do mês o Cetba realiza uma milonga, aberta à comunidade. Deixo um rápido vídeo sobre a escola, que encontrei na internet. Está em francês, mas dá para entender o espírito.

Dicas de Salta e Jujuy (Tilcara)

O Edu batizou Tilcara de “Tilcara Soho” porque depois de passar por povoados tão roots, a cidade nos surpreendeu com lojas de design, restaurantes de comida fusion, pousadas charmosas e até com uma livraria-café onde se poder escutar Billie Holiday.

Mas que ninguém se engane. Ela é muito mais que isso, claro. É considerada a capital arqueológica da Quebrada porque conta com um pucará (sitio arqueológico considerado o mais importante da antigas populações da região, construído pelos nativos omaguacas em épocas precolombinas)

Antes de falar de Tilcara quero contar umas coisas do caminho. Vou publicar o mapa de novo para vocês acompanharem o roteiro.

Saindo de Purmamarca em direção ao norte, a gente vai passar logo por Maimará, à direita da rodovia, outra pequeníssima cidade que tem duas coisas interessantes.

Uma é o Cerro Paleta do Pintor – outro cerro multicolor. Depois, o cemitério, estranhíssimo, com suas flores que “duram toda uma morte”. Ou seja, passam por um processo de secagem que serve para que nunca deixem de parecer novas.

Os cerros coloridos vão acompanhar o viajante, do lado direito do caminho, até Humahuaca.

Se vê o cemitério da rodovia, para quem não quiser entrar na cidade

Paleta del pintor

Campo de cardones no caminho para Tilcara (Foto Eduardo Baró)

Chegando em Tilcara, que como as outras cidades da Quebrada é super ocre, recomendo caminhar à toa para um primeiro reconhecimento, cervejinha com empanada, e só depois sair para conhecer o Pucará de Tilcara, a Garganta do Diabo (cachoeira), Quebrada de Juella (vista panorâmica e pucará), La Isla (panorâmica e cemintério indígena).

Na cidade há muita oferta de trekking, expedições, montanhismo.

Foto Eduardo Baró

Pessoalmente, achei Tilcara muito mais viva que Pumamarca. Talvez porque tenhamos chegado justo num dia de festa, com apresentações do balé da cidade, que no dia seguinte ia participar de uma competição na região e fazia seu ensaio final.

A gente passou o dia para lá e para cá, caminhando na cidade, fechou a tarde na livraria-café Viento Libros (Padilha, 490) e jantou num lugar dez, que super indico, chamado Khuska, onde provei llama na cerveja negra com timbal de quinoa. Divino!

Algumas fotos da cidade:

Pucará é o principal ponto de visitação da cidade

Montanha como cenário! Luxo só.

Chegamos em dia de festa!

São “cientos” de variedades de milho!

Compramos um ótimo livro de comida andina, para aprender a fazer papines, usar quinoa mais cotidianamente e entender um pouco mais o significado dos alimentos para os povos incas. No final o Edu ficou assim, tocando Zampoña!

Povo consciente. Gostamos.

Desfilando nossos sombreros!

Mucho vino?

Dicas de Salta e Jujuy (Purmamarca e Salinas Grandes)

Salta e Jujuy/ Gisele Teixeira

Parte deste cerro já existia há 75 milhões de anos!

Purmamarca e seu Cierro de los Siete Colores são um dos pontos altos da viagem para o Norte argentino e um dos cartões postais mais famosos da Quebrada de Humahuaca.

A Quebrada é um vale andino de 155 km de extensão, bem no meio da província de Jujuy. É uma paisagem única no mundo.

Além disso, os povos índios da região conservam crenças religiosas, festas, música e técnicas agrícolas muito antigas, que ajudaram a incluir este lugar como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, em 2003.

Foto Eduardo Baró

Purmamarca significa “Pueblo de la Tierra Virgen” em língua aimará, e o cerro, originado há 75 milhões de anos, é formado por sedimentos marinhos, lacustres e fluviais que foram se depositando na zona durante séculos. Cada cor vem de um período geológico diferente.

É o telão de fundo desta pequena cidade que encanta a gente logo de cara, uma localidade de origem pré-hispânica declarada Sítio Histórico Nacional e que cresceu ao redor da igreja Santa Rosa de Lima.

O melhor é observá-lo de manhã cedo, quando o sol começa a bater na montanha, e o povoado ainda está quase sem turistas, que chegam em massa a partir das 10h.

A cidade é toda em tons ocre, bem pequena, mas sempre foi passagem de viajantes, desde a época dos Incas.

Logo cedo começa e a se armar uma feirinha de artesanato infernal! Melhor não se deter aí no momento. Passear, seguir viagem, e deixar as compras para o final de tarde.

A igreja, no centro da pracinha, é toda feita adobe e cardon (uma espécie de cactus muito tradicional no Norte). Ao lado, outra jóia, um algarrobo de 700 anos. Acreditem.

A esquina mais clássica de Purmamarca

A igreja é de 1648!

Depois de observar o Cerro, minha sugestão é tomar um café com medialunas vendo a cidade se preparar para o dia e, em seguida, pegar o rumo para Salinas Grandes ( RN Nº 52, super sinalizada), outro lugar mágico, de trajeto deslumbrante.

SALINAS GRANDES

São 126 km pela Cuesta de Lipán até Abra de Potrerillo, onde estão as salinas – uma das maiores depressões da província, com mais de 12.000 hectares de sal a céu aberto. É o terceiro maior salar do mundo, depois do Salar de Uyuni, na Bolívia e do  Salar de Arizaro, em Salta. Filtro solar e óculos de sol!

Para chegar lá a gente sobe! E muito. O ponto mais alto é a 4.170 metros do nível do mar. Nesse lugar faz um frio de menos de 25 graus à noite e a água que brota chão está sempre congelada. E depois de subir a gente tem que descer e fazer tudo de novo para voltar. E dá-lhe vista linda.

Cuesta de Lipan

Para comparar: o Aconcágua, em Mendoza, tem 6.964m e é a montanha mais alta fora da Ásia.

Importante: não entrar com o carro nas salinas. A gente viu um que encalhou na meio e ficou sabendo de outro, que passou pelo mesmo problema dia seguinte.

Depois de voltar das Salinas, aí sim é hora das compras. Purmamarca é o lugar para comprar aguayos, mantas para a parede ou cama, artigos em pedra e palha, roupas de lã de ovelha e llama, pratarias.

A terceira maior salina do mundo

Esses panos coloridos custam 70 pesos o grande, tamanho casal, e 35 pesos o pequeno.

O ideal é dormir em Purmamarca para sentir a cidade depois que a maioria dos turistas vai embora. Foi o que a gente fez. Mas também dá para armar sede em Tilcara, mais adiante, e ir e voltar. Uma das coisas boas desta região é que todos os povoados são muito perto.

O hotel que a gente ficou era horrível, especialmente pelo dono, que não tem nenhum preparo para tratar com turistas, e pelo café da manhã, que era de chorar. Mas como não tinha nada mais disponível na cidade, não tivemos opção. Deixo o nome aqui para que ninguém se hospede lá: se chama hosteria Bebo Vilte. Não, não, não. 

Para fechar, deixo uma matéria sobre a Quebrada que saiu no Pagina 12 deste fim de semana, AQUI.

Cartas de Baires: Santuários de Alta Montanha

Donzela teria em torno de 15 anos

Uma das manifestações mais impressionantes e menos conhecidas do Império Inca são os santuários erigidos no topo das montanhas mais altas da Cordilheira dos Andes. Estes lugares – tão perto do sol, da lua e do céu – eram centros de peregrinação e cenários para a realização de rituais.

Em toda a Cordilheira há cerca de umas 200 montanhas com restos arqueológicos, sendo 40 no território argentino. Mas em pouquíssimas foram descobertos o tesouro que guarda hoje a cidade de Salta: oferendas humanas.

Não há nada similar em outra parte do Planeta. Nem sequer no Himalaia.

A principal descoberta foi feita em 1999 no topo do Cerro Llullaillaco (6.739 metros), o mais alto da região, por uma equipe da National Geographic. Enterrados a um metro e meio de profundidade, debaixo de gelo e pedras, estavam três crianças incas em perfeito estado de conservação.

A montanha é Deus.

Uma pequena de seis anos, conhecida hoje como “A Menina do Raio”, um segundo corpo batizado de “O Menino”, de sete anos, e uma adolescente de 15 anos, “A Donzela”. As múmias podem ser vistas, uma por vez, no Museu de Arqueologia de Alta Montanha de Salta, um espaço que surpreende pelo acervo, tecnologia e respeito ao passado.

Estas crianças, os “Niños de Llullaillaco”, tinham com eles 160 peças que compunham seus respectivos “ajuares”, uma espécie de enxoval com oferendas. Estes objetos também estavam intactos e ajudaram os especialistas a entender como eram os rituais no passado pré-hispanico.

Antes de serem ofertadas às montanhas, crianças de diferentes partes do Império Inca, selecionadas por sua beleza e perfeição física, faziam uma peregrinação até Cusco, onde passavam por uma longa cerimônia, conhecida como “Capacocha”, ou “obrigação real”.

Neste momento, recebiam oferendas de todo o território – conchas marinha da costa do Equador, plumas das selvas orientais, lãs da cordilheira dos Andes. Essas pecas, que também podiam ser de madeira, ouro, prata couros ou fibras vegetais – eram levadas com eles de volta para suas aldeias originais de onde, com suas melhores roupas, começavam a subida à montanha. Os objetos que levavam reproduziam o mundo Inca em miniatura.

No alto, bebiam “chicha”, álcool de milho, até dormir. Em seguida, eram enterrados.

Peças estavam intactas

Segundo os Incas, elas não morriam, e sim se reuniam com os antepassados para observar os povos desde o alto. As vidas entregues seriam retribuídas com saúde e prosperidade e serviam para estreitar os laços entre o centro do estado e as aldeias mais distantes (e assim manter a unidade do império inca) e também entre os homens e os deuses.

As múmias e seus objetos são capsulas do tempo de valor incalculável para ciência e para a cultura.

Vê-las intactas, 500 anos depois de suas mortes, foi uma das cenas mais emocionantes que já vivi e o mais perto que cheguei do entendimento da palavra ancestralidade.

Há bastante informação sobre o tema AQUI. 

Texto no Noblat, AQUI.

A história de cada uma das crianças (em espanhol):

O menino – Tenía siete años de edad. Estaba sentado sobre una túnica gris con las piernas flexionadas y su rostro -en dirección al sol naciente- apoyado sobre las rodillas.
Un manto de color marrón y rojo cubría su cabeza y mitad del cuerpo.
Como todos los hombres de la elite incaica llevaba cabello corto y un adorno de plumas blancas, sostenido por una honda de lana enrollada alrededor de la cabeza.
Está vestido con una prenda de color rojo; tiene en sus pies mocasines de cuero de color claro con apliques de lana marrón; posee tobilleras de piel de animal con pelaje blanco y en su muñeca derecha lleva puesto un brazalete de plata.
Sus puños están cerrados; el rostro no es visible y sus párpados están semi cerrados. Posee una ligera deformación del cráneo que sugiere su origen noble.
Como parte de su ajuar se encontraban cuatro grupos de objetos en miniatura representando caravanas de llamas conducidas por hombres con finas vestimentas, representando esto una de las principales actividades masculinas.

A Donzela – Esta joven mujer tenía unos quince años de edad. Estaba sentada con las piernas flexionadas y cruzadas, sus brazos apoyados sobre el vientre y su rostro mirando en dirección opuesta a la niña del rayo. Su largo cabello está peinado con pequeñas trenzas, como era costumbre en algunos poblados de los Andes. Los peinados y adornos en la cabeza servían para identificar a las personas cultural y geográficamente. Su rostro fue pintado con un pigmento rojo, y arriba de la boca se observan pequeños fragmentos de hojas de coca. Posiblemente esta joven haya sido una aclla o “virgen del Sol” educada en la “Casa de las Escogidas” o aclla huasi, un lugar privilegiado para las mujeres en el tiempo de los Incas.

A Menina do Raio – La Niña del Rayo
Esta niña tenía un poco más de seis años. Estaba sentada con las piernas flexionadas, las manos semiabiertas apoyadas sobre los muslos y su rostro en alto apuntando hacia el Oeste-Suroeste.
Luego de su entierro, en algún momento de los últimos siglos la elevada temperatura de una descarga eléctrica quemó parte de su rostro, cuello, hombros y brazos, como asimismo sus prendas y parte del ajuar que la acompañaba.  Su cabello lacio está peinado con dos trenzas pequeñas que salen de la frente, y lleva como adorno una placa de metal. Sus ojos están cerrados y la boca semi abierta, pudiéndose observar la dentadura. Como sinónimo de belleza y jerarquía, su cráneo fue intencionalmente modificado, teniendo una forma cónica.

Dicas de Salta e Jujuy (Lagoas de Yala e Termas de Reyes)

Esse foi o mapa que usamos. Saímos de Jujuy e fomos até Humahuaca.

Para ir de Salta a Jujuy, rumo ao norte, há duas opções.

Uma é seguir pela Ruta 34, de 124 km, bem tranqüila. A outra é pela Ruta 9, de 94km todinhos de “cornisa”, de estrada bem sinuosa, nossa opção.

Em alguns trechos passa só um carro!

É um caminho para ser feito durante o dia, a no máximo 40km por hora. Não é para motoristas iniciantes, já que em alguns trechos a via não ultrapassa 4 metros para as duas mãos! Dá um medinho, mas vale a pena.

Fizemos uma parada estratégica em Jujuy para almoçar e caminhar um pouco pelo centro. Nosso plano inicial era dormir em Tilcara, mas no centro de turismo de Jujuy nos avisaram que todos os hotéis estavam lotados.

Optamos por dormir em Lozano, a 30km da capital. Por sorte, o nosso hotel – La Posta de Lozano – era ótimo.

Menos é mais

Cama e banho de primeira qualidade, num lugar lindo, com direito a lareira gigante no restaurante. Por 90 pesos dividimos um “truchon com salsa de limón y legumbres salteados”.

Essa paradinha não planejada nos permitiu descobrir uma pequena cidade vizinha chamada Yala, onde há dois lindos lagos, que estão há 2.100 metros acima do nível do mar, além de muitos rios de montanha, cheios de pedras, que secam no inverno e enchem no verão com a água do degelo das montanhas. E, por fim, ainda a região das termas.

Lagos de altura, novidade para mim

Por causa desses rios de montanha, a região é famosa pelas trutas, peixe da família do salmão que só dá em águas muito limpas, muito oxigenadas e com temperaturas de menos de 15 graus.

Rios que ficam cheios somente no verão, com a água do degelo das montanhas

O caminho para chegar aos lagos é todo sinuoso, com uma vegetacao exuberante. Termina numa região de termas de altura (Jujuy tem 400 fontes termais!), com águas que afloram a 56 graus e, dizem, são curativas por serem de baixa salinidade, sulfatadas e bicarbonadas.

Na piscina, lá em baixo, tem banho quentinho no inverno

Vegetação exuberante, bem diferente da Quebrada

Dicas de Salta e Jujuy (o caminho a Cafayate)

Abusou!

Um dos belos passeios a partir de Salta é ir a Cafayate, cidade que está a 1.700 metros acima do nível do mar e é conhecida pelos excelentes vinhos produzidos, em especial o Torrontés. Para chegar até lá, tomamos a rodovia 68, a “Ruta Del Vino”.

Cenário que a natureza levou anos preparando para a gente

De Salta até Cafayate são apenas 180 km,  em uma estrada totalmente asfaltada, bem sinalizada e com pouco trânsito, mas a gente levou seis horas!!!

Isto porque o caminho é alucinante, especialmente a região da Quebrada das Conchas ou Quebradas do Cafayate.  A gente parou para ver cada detalhe.

Este vale do rio Las Conchas possui formações rochosas vermelhas que seguem o leito do rio formando vales e desfiladeiros, e tem, ainda por cima, a Cordilheira dos Andes como pano de fundo.

Pão quentinho feito no forno à lenha

Além das paradas para fotos e explorações, paramos para lanchinhos (pão quente com café, oferta irresistível) e para “caçar” as llamas mas fotogênicas!

Nesse caminho, pelo menos dois pontos imperdíveis: a Garganta do Diabo e o Anfiteatro (com acústica impecável), além da própria Quebrada das Conchas.

Pra gente não esquecer do nosso real tamanho nesse planeta

A gente levou tanto tempo no caminho que quando chegou a Cafayate já estava na hora de voltar. Aviso aos navegantes: se não tivesse que voltar para um compromisso na cidade, teria dormido em Cafayate e seguido de lá para Cachi (passeio que a gente não fez porque não deu tempo e sei que é um dos mais lindos).

Cafayate é um pueblito, com uma pracinha no meio e muito vinho pra tomar! São pelo menos 25 bodegas, sendo que as mais conhecidas são El Esteco, Etchart, Fica Quara e Vasija Secreta. Algumas delas possuem restaurantes e outras são hotéis-spa, como o Patios de Cafayate. 

Essa região é para provar o Torrontés

Bodega El Esteco

Ideal para ficar no solzinho vendo a vida passar

A gente optou por comer uma coisa leve, tomar um sol na praça e depois zarpar para casa. Foi aí que  encontramos dois argentinos que estão viajando pela América do Sul numa kombi. Imagina se o Edu não parou “prum dedo de prosa”. Quem sabe alguém mais se inspira…

Detalhe para a biblioteca coberta acima da cabine do motorista

Na volta, a cor das rochas era assim como na foto abaixo. Não tem filtro, não tem nada. Fica a dica: deixem para fotografar as pedras na volta!

Esse é o caminho das conchas.Porque aqui um dia foi mar!

Tchau Cafayate!

Dicas de Salta e Jujuy (Salta Capital)

Igreja de San Francisco

Salta é uma cidade super católica, com forte arquitetura colonial, lindo artesanato, deliciosas empanadas e muita música e história.

A cidade está a 1.500 km das fronteiras oeste do Paraná e de Santa Catarina (a mesma distância de Salta a Buenos Aires), e está na rota de brasileiros que fazem viagens de carro ao Atacama, atravessando a Cordilheira por estradas secundárias.

Se alguém tiver apenas um dia na cidade, o passeio obrigatório é o Museu de Arqueologia de Alta Montanha. É um dos mais bem montados que já visitei e um um lugar que, para minha surpresa, me emocionou muito.

Pela primeira vez “senti” o que até então era apenas uma palavra, quando muito um conceito: ancestralidade. O principal acervo são os os “Niños de Llullaillaco”, três múmias incas encontradas em 1999, enterradas no alto de uma montanha.

Vou falar mais sobre o museu e os rituais Incas na coluna Cartas de Buenos Aires, no Noblat, na semana que vem. Por isso nao vou mencionar mais nada aqui. Fiquem com o vídeo da National Geographic sobre o tema.

Depois do Museu, aproveitem para comer uma empanada saltenha (menor que a portenha e com batata), tomando uma cerveja bem gelada na Praça 9 de Julho, onde a cidade foi fundada, em 1582.

Se achando o próprio saltenho!

Após esta parada estratégica, hora de partir para conhecer outros pontos turísticos. Duas belas igrejas merecem destaque no centro histórico. Uma é a Catedral Basílica de Salta , com suas paredes rosa, santuários e mausoléus (é onde está enterrados o gerenal Guemes, herói da guerra da independência). A outra é a linda Igreja de São Francisco, uma igreja vermelha de estilo neoclássico do final do século XIX. Também valem a visita o cabildo, o convento San Bernardo e algumas das mansões que ficam na praça. Há, ainda, o Museu de Arte Contemporânea, que não visitamos por falta de tempo.

Difícil escolher o mais lindo

Para a tarde, quem quiser COMPRAR ARTESANATO DE QUALIDADE, deixo a dica da loja Samponia (Caseros, 468), que vende Aguayos antigos a partir de 400 pesos. Lindos de morrer. Os aguayos são utilizados pelas mulheres bolivianas para carregar, o kepear,  bebês e outros objetos, e são prendido na frente com um Tupu (prendedor de plata). Os mais antigos, já usados, são mais valiosos. Mas há de todo o preço, a partir de 80 pesos (o grande)

Outros bons lugares para deixar uns cobres são a loja do Museu de Alta Montanha e a loja Björk, em Zuviria, 20, ao lado do Hotel Vitoria, na praça central, que vende uns vestidos e peças de decoração cheios de estilo. Aliás, tudo nesta loja é cheio de estilo! Levei duas pequenas obras em batik para a parede.

Vista do Cerro San Bernardo

No final da tarde, a dica é subir o Cerro San Bernado (nos atrasamos e perdemos o por do sol!!), de onde se tem uma vista de toda a cidade de Salta e do vale de Lerma. Lá no topo, uma empresa oferece a descida de montain bike, mas não arriscamos!

Para fechar o dia, nada como se jogar numa boa   “peña folclórica”, parada obrigatória em Salta.

As peñas são lugares onde se reúnem jovens e adultos, músicos, moradores e visitantes de outros países para cantar e dançar “zambas” e “chacareras”.

A gente acabou num lugar bem turístico que se chama La Vieja Estacion (empanadas a 4 pesos, principais a 50 e show a 40). Achei a comida mais ou menos, me senti num show de tango em Buenos Aires, mas mesmo assim a gente se divertiu e riu muito.

Cuidado que elas tiram a gente pra dançar!

DICA: A noite de Salta é famosa por ser muito animada. A rua Balcarce é cheia de bares, restaurantes e peñas.

Para uma opção menos folclórica, indico o La Pasionaria (Balcarce 658) e o Café del Tiempo, na mesma rua.

Outra dica para comer empanadas: La Criollita (Zuviria 306), uma casa super simples, que entramos por acaso, e depois descobrimos estar na lista de sugestões do New York Times! Para comer empanadas a 4,00 pesos e locros a 35,00.

Dicas de Salta y Jujuy (informacões gerais)

As províncias de Salta e Jujuy ficam bem ao noroeste da Argentina, pertinho da Cordilheira dos Andes. Antes de viajar não conseguia entender a diferença entre as duas. Agora, se tivesse que explicar rapidamente, diria que Salta é bem gaucha, espanhola, colonial. E Jujuy é bem índia, tierra, com influencia de Bolívia e Peru.

Mas isso a gente vai ver com calma nos posts posteriores. Vou publicar várias notas, organizadas da seguinte maneira:

1. Salta Capital

2. Cafayate

3. Salta/Jujuy

4. Lagunas de Yala e Termas de Reyes

5. Purmamarca/Salinas Grandes

6. Tilcara

7. Humauhaca

QUANTO TEMPO FICAR? Para fazer uma viagem tranquila, sugiro seis dias, partindo de duas bases. A primeira em Salta, de três dias, para conhecer a Capital,  ir a Cafayate e ir a Cachi. Depois, mais três para a Quebrada de Humahuaca, ficando em Tilcara  e saindo de lá um dia para Pumamarca+Grandes Salina, outro para a cidade de Humahuaca e o terceiro em Tilcara mesmo.

Pé na estrada!

ALUGUEL DE CARRO? Sim. Sim. Sim. Essa era outra dúvida que eu tinha antes de viajar e agora recomendo fortemente. Dá para fazer os passeios em van, mas não é a mesma coisa. A gente alugou carro direto no aeroporto de Salta, mas quem quiser economizar uma diária pode alugar na cidade, no segundo dia, já que no primeiro ele não é necessário.

Ótima cama, banho quentinho e aconchego

ONDE HOSPEDAR-SE? Como íamos gastar com carro, optamos em Salta por uma hospedagem mais barata, e com muito mais carinho. E nos demos super bem. Ficamos na casa da Josefina, um moradora da cidade que aluga quartos pelo Airbnb e que nos recebeu divinamente. A história é velha conhecida: um apartamento que fica grande depois que os filhos crescem e vao morar em outro lugar.

Como ela adora viajar e conhecer gente nova, abriu as portas de casa. A diária é de U$ 30 por quarto, com café da manhã. O apê tem um quarto de casal (com uma cama tao boa que nunca conseguimos levantar antes das 9h), um segundo com duas camas e um terceiro com beliche.

Todos compartem dois banheiros. Esta semana estávamos somente nós. Tomamos café da manha juntos (com medialunas, sucos, frios, doce de leite), conversamos e trocamos muito mais informacao que em um hotel. Diez puntos. Altamente recomendavel, a tres cuadras da praca 9 de Julho.  Reservas pelo email: joguerineau@hotmail.com

DICA: Se viajarem para o Norte em alta temporada, como nós, é IMPRESCINDÍVEL fazer reserva. Caso contrários vocês vão ficar mal acomodados, pagando caro.  Tanto em Salta quanto em Jujuy as oficinas de turismo são super eficientes e buscam hotel, na hora, para quem não tem alojamento. Maravilha! 

Sugestão para ficar em alto estilo em Salta: Hostal Solar de la Plaza, com diárias a partir de 700 pesos.

Sugestão de hotel no caminho de Salta para Jujuy: Posta de Lozano. A gente ficou lá porque no primeiro dia estava absolutamente tudo lotado em Pumamarca, e gostamos muito. Fica numa cidadezinha chamada Lozano, logo depois de Jujuy. Um hotel de primeira, com restaurante ótimo e com lareira, wifi, todas as comodidades. Diária a 280 pesos. Foi porque paramos por lá que conhecemos as Lagunas de Yala e as termas.

Sugestão de hotel em Pumamarca: a gente ficou num lugar horrível, que nem vou mencionar. Mas deixo a dica deste outro, Hotel Don Faustino, super bacana. Diárias a 300 pesos para casal.

Só no balancinho

Sugestão de hotel em Tilcara: a cidade tem várias pousadas bacanas. Deixo a dica do hostel Malka, super zen, que adoramos, com cabanas e varandas para matear e admirar a cidade sem pressa. Cabana para um casal a 23o pesos.

Bora?